SOBRE VIAGENS A SÓS E PEQUENOS PRAZERES DA VIDA
Recentemente, final de março início de abril de 2017, fiz uma viagem de férias a Pernambuco, com hospedagem de dois dias em Porto de Galinhas e o restante em Recife. Fazia um bom tempo que não viajava pra praia. Eu adoro um banho de mar, trocar e renovar as energias nas águas salgadas!
Não
foi a primeira vez que viajei sozinha (nesse caso fiquei apenas os dois
primeiros dias só). Eu gosto muito de estar na minha companhia. Em 2013 eu
viajei para Arraial D’Ajuda na Bahia e também foi uma experiência muito rica,
apesar de ter pegado um período bem chuvoso.
A viagem a Arraial foi sem muito planejamento,
pois minha intenção (e falta de experiência) era curtir somente a praia e o
mar. Com a chuva eu tive que procurar outras coisas pra fazer em Porto Seguro, imprevisto
que acabou sendo bastante prazeroso também com o conhecimento de uma parte
cultural da cidade, ligada ao descobrimento do Brasil. Fui sem expectativa de
conhecer ninguém e acabei conhecendo pessoas de uma forma muito natural e
espontânea.
Muitas
pessoas têm medo de viajar só, criam mil e duas fantasias negativas e acabam se
impedindo de viver experiências surpreendentes que nos tiram da zona de
conforto na qual fomos criados e acostumados a viver. Posso garantir que tudo
que saiu do controle na minha viagem, foi maravilhosamente enriquecedor.
Já
a viagem a Pernambuco foi muito planejada com antecedência. Eu queria descansar
nos primeiros dias, e nos dias seguintes conhecer diversos espaços culturais de
Recife, incluindo Olinda. E mesmo com planejamento, muitos imprevistos
aconteceram (incluindo dias de chuva rs), necessitando de reordenamentos na agenda.
Nos
dias que fiquei em Porto de Galinhas, eu fiz caminhadas longas na praia, bem
cedo pra pegar um sol mais ameno, e o que gostaria de compartilhar neste post,
é o quanto eu senti prazer de caminhar pisando na água do mar! Falando assim
parece uma besteira, mas o prazer foi tão grande que nem consigo descrever.
Enquanto vivia essa gostosa sensação, fiquei refletindo sobre o quanto as pequenas
atividades da vida cotidiana, especialmente as mais simples, podem ser uma rica
fonte de prazer para alimentar nossos dias.
Talvez
o que eu estava vivenciando naquele momento fosse uma profunda conexão da minha
mente com meu corpo, e entre o meu corpo e o ambiente.
Vivemos
atualmente tão conectados com o mundo virtual, com as tarefas diárias,
obrigações de trabalho e casa, que perdemos a conexão com nosso corpo. A
ansiedade é uma doença muito forte da nossa era e combina muito com essa
desconexão cabeça-corpo, já que tem por característica o viver no futuro,
através da projeção e imaginação, atividades exclusivamente mentais. Dessa
maneira, não sentimos nosso corpo por causa da dificuldade de estarmos
localizados no momento presente. Como a ansiedade caminha junto com as
preocupações, vamos acumulando registros de tensão e desprazer no corpo.
Precisamos
tomar cuidado com o uso que fazemos
das tecnologias. Elas são novas formas de vícios que nos escravizam e impedem
de viver plenamente no momento presente. Apesar de serem ferramentas muito úteis para
nós, também o são para a lógica capitalista de insatisfação que gera consumo
num jogo sem fim.
A
escravização indireta do nosso corpo é uma forma muito sofisticada e sutil de controle
sobre as nossas vidas. A falta de prazer gera mais demanda de consumo,
inclusive de drogas para anestesiar o sofrimento causado pela desconexão.
O
momento da minha caminhada na praia proporcionou o resgate dessa conexão mente, corpo e
ambiente, me enchendo plenamente de prazer. Sentir assim, me fez estar
completamente integrada no momento presente e me sentir plena.
Essa
sensação de plenitude deixa nossas almas alimentadas e a ansiedade diminui, as
demandas desnecessárias diminuem, as anestesias tornam-se obsoletas.
O
desafio é construir essa inteireza no nosso dia a dia. Descobrir as pequenas
coisas que nos dão prazer, aprender a fazer com entrega as demandas diárias, e eliminar o que nos gera doença e sofrimento. No meu caso, acredito que essa entrega no momento da caminhada na praia foi o resultado de uma
grande construção que venho fazendo ao longo do meu processo de busca de
autoconhecimento e crescimento pessoal. A cada dia eu descubro, redefino e
redescubro novos prazeres.
Cada pessoa é diferente e precisa experimentar para descobrir por si mesma o que lhe gera prazer. Não há uma receita pronta e generalizada para todos.
Estimado
leitor, você já descobriu as pequenas coisas da vida
que lhe dão prazer? Compartilhe conosco sua experiência no espaço para
comentários abaixo!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Instagram: @solteirosecasais
Referência da Figura:
1. foto que tirei da minha caminhada na praia
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