SOBRE CHÁS DE BEBÊ E MULHERES SOLTEIRAS
Ontem
fui no chá de bebê de uma prima. Mais precisamente o “Chá Revelação”, uma moda
nova onde os pais do bebê pediram uma amiga pra entrar no dia do ultrassom, o
médico revelou o sexo para a amiga, os pais não souberam, e a amiga foi na
confeiteira e encomendou o bolo. Recheio rosa se fosse menina e Azul se fosse menino.
Durante a festa, o sexo foi revelado para todos quando ela cortou o bolo. No
caso, para alegria da prima e do marido, o bebê é uma menina.
Ao participar da festa, me deparei com um
universo completamente distante da minha corriqueira realidade. Muitas famílias
com crianças pequenas. Um universo bastante barulhento como comentou a tia da
prima.
Observando
toda aquela movimentação, fiquei pensando se um dia eu estaria naquele lugar da
minha prima, da mulher grávida, feliz por estar realizando seu sonho, ou dos
pais andando atrás dos filhos pequenos, ou daqueles que vigiavam os filhos
maiores nos brinquedos...
Talvez,
se eu estivesse na faixa dos 30 anos, eu ficasse angustiada por ser uma mulher
solteira e sem namorado. Perto dos meus 30, ter uma família era meu grande
sonho, mais que sonho, um sentido de vida. Naquela época, por algum motivo
desconhecido “caiu uma ficha” de que eu poderia nunca realizar meu sentido, e
caí num vazio, numa crise existencial. A saída para mim foi redefinir o sentido
de vida voltado para mim, para meu crescimento e melhoria como pessoa.
Mas
hoje, aos 37, não há mais uma angústia de ser uma mulher solteira, sem namorado
e sem filhos. Venho trabalhando comigo a aceitação da minha realidade como ela
é. Algumas coisas na vida (uma boa parte) não temos controle e essa é uma
delas.
Fiquei
pensando nas mulheres que sonharam e ainda sonham com casamento e filhos. Um
chá de bebê pode ser um estímulo extremamente angustiador e ansiogênico. Mostra
a sua falta. O que elas não têm, seu vazio existencial.
É
muito difícil lidar com esse vazio se não conseguimos construir algum
autoconhecimento e a partir dele redefinir nossos propósitos existenciais.
Muitas vezes somos impotentes diante
de certos desejos e se não aceitarmos essa condição, seremos tragados numa
profunda dor, ou em compulsões, ou numa busca dolorosa, ou aceitação de
relacionamentos não dignos para viver a qualquer custo esse desejo.
Como
ter o desejo, mas não ser tomado de ansiedade para alcançá-lo?
Nossa
vida precisa ter um sentido individual, um motivo pelo qual vivemos por nós
mesmos, independente das experiências externas que gostaríamos de viver. Quando
nosso sentido de vida está claro, todas nossas vivências são dádivas a
desfrutar e sempre estaremos atentos aos aprendizados oferecidos pela vida,
mesmo quando dolorosos.
Quando
brigamos com a vida por ela não realizar nosso desejo, ficamos infelizes e
miseráveis. Quando aceitamos a realidade, um mundo de possibilidades inimagináveis
se abre a nossa frente.
Hoje,
um chá de bebê não me provoca sentimentos negativos, apenas reflexões. Se algum
dia eu estiver naquela posição, vai ser por uma escolha amorosa e um desejo de
viver a experiência da maternidade, mas não por uma ansiedade e vazio. Se eu nunca
estiver naquela posição, eu continuarei desfrutando da minha digna realidade
com amor e alegria!
E
você querida leitora solteira, onde você se encontra nesse processo? Deixe seu
comentário abaixo!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Instagran: @solteirosecasais
Referência da Figura:
1. foto extraída do google imagens
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Texto maravilhoso, Dri! Equilibrio, aceitação, esse é o caminho para todos nós. Continue escrevendo!
ResponderExcluirGratidão Natália!
ExcluirAgradeço o incentivo também!
Abraço saudoso
Adriana, tenho me enxergado em seus textos... Sentimentos bem semelhantes diante situações parecidas. Hoje, aos 30, solteira e sem filhos busco, justamente, intensificar meu autoconhecimento para não cair nas armadilhas da ansiedade de realização de meus desejos... Seus textos são maravilhosos!!!
ResponderExcluirQue bacana Verônica!
ExcluirFico feliz que você se identifique e que os textos possam te ajudar no seu processo de autoconhecimento!
Fico muito grata pelo seu retorno!
Um abraço!