IDADE 37
ACEITANDO A REALIDADE COMO ELA É
Toda época de aniversário eu gosto
de escrever um texto sobre minhas reflexões do ano que passou, meus
aprendizados, minhas dificuldades e meus votos para o ano seguinte.
37 ainda não é uma idade que me
assuste com a constatação “estou envelhecendo”. Acredito que meu envelhecimento
tem me causado um impacto suave apesar de não me poupar de suas marcas. Eu
gosto muito de fazer aniversário e eu
gosto de envelhecer. Talvez porque quando eu olho pra trás, consigo
enxergar o quanto evoluí. Hoje eu me sinto mais bonita, em boa forma, com mais
paz interior, com uma maior e melhor capacidade de raciocínio e intuição. Eu
tenho o sentimento de que estou melhor do que antes e talvez por isso não tenha muita nostalgia de tempos anteriores nem tenha uma visão negativa do envelhecimento,
pelo menos por enquanto.
Sentir melhor hoje não significa que
o ano 36 tenha sido fácil. A crise
econômica do Brasil também me afetou e tive momentos de escassez e restrição
financeira. Ainda não me recuperei completamente. Nesse período, sofri algumas
crises de ansiedade muito angustiantes.
Descobri que ficar com pouco
dinheiro me aciona um sentimento muito infantil de desamparo e consequentemente insegurança e um medo enorme de não
dar conta da minha vida. A minha terapia pessoal me ajudou muito a acolher
minha criança interior desamparada e a fortalecer a crença no meu potencial e
na possibilidade de crescimento. Com isso, comecei a dar conta de passar pela
crise externa sem enlouquecer internamente.
Ter uma restrição financeira faz com
que eu não possa realizar alguns desejos e sonhos, como por exemplo, uma viagem
para a Europa que tenho sonhado há anos ou até mesmo tirar umas férias mais
prolongadas. Antigamente, eu me exigia muito e iria tentar me desdobrar em mil
para conseguir alcançar esses desejos, mas ficaria um bagaço de tamanha
ansiedade, sem de fato alcançá-los.
A vida tem me ensinado que alguns
desejos nós precisamos planejar muito para conseguir realizá-los e outros, nem esforçando muito, temos o controle
de alcançá-los na medida dos nossos anseios.
O professor historiador LeandroKarnal fala muito em suas palestras (disponíveis no Youtube) sobre isso. A
maioria de suas conquistas foi com muito suor, e ele se irrita quando alguém
fala que ele tem facilidade em alguma coisa que conquistou com muito esforço.
Ele também fala de coisas que não alcançou apesar de ter se esforçado muitos
anos, e que tem pensado se deve desistir de alguns desses itens.
A questão financeira, por exemplo, é
um dos itens que não tenho muito controle, especialmente pela condição de ser
autônoma, apesar de eu não ser uma pessoa que gaste de forma compulsiva e
inconsciente. Mas o que posso e tenho controle nessa situação, é sobre o meu
investimento no meu crescimento interno pessoal e na minha profissão,
acreditando que esses investimentos são a construção da consistência necessária
para que minha vida seja próspera em todos seus aspectos.
Aceitar
a realidade, não é
uma tarefa fácil de realizar. Vivemos uma lógica de falta e insatisfação constantes,
alimentada por uma perspectiva consumista, que nos faz muitas vezes escravos.
Somos treinados para ser insatisfeitos e consequentemente para projetarmos
nossos vazios internos em buscas externas, tentando preenchê-los com produtos e
vivências, que provavelmente depois de consumidos, nos retornarão ao vazio
novamente.
Aceitar a realidade, não significa acomodar-nos em uma vida
medíocre, como podem pensar alguns. É muito válido o desejo de mudança,
crescimento, melhoria e progresso. No entanto é necessário investirmos primeiro
no nosso processo de autoconhecimento, para que possamos descobrir nossas
verdadeiras necessidades físicas, emocionais, intelectuais, e espirituais.
Senão corremos o risco de buscar aquilo que a sociedade e a cultura impõem, mas
que na verdade não nos alimenta internamente. Além disso, também precisarmos
reconhecer o necessário esforço para construir uma vida digna e nos
responsabilizar por fazer essa jornada.
Aceitar a realidade é enxergar,
reconhecer e valorizar o que já existe
na nossa vida. É nos desapegar do que se foi, mesmo quando não queríamos que
fosse. É aceitar nossa própria impotência diante de alguns fatos da vida. É abandonar as fantasias mágicas, fantásticas
e infantis sobre como conseguir as coisas ou como a vida deveria ser.
Aceitar a realidade é aprender receber o amor que sua família, seus amores e seus amigos podem lhe oferecer, abandonando a busca infantil por um amor idealizado. É aprender a amar a sua origem, por mais escassa de amor que ela tenha sido, e empreender na construção do amor interno, para que posteriormente, ele possa se expandir ao seu redor.
Aceitar a realidade é um ato de fé. Fé em si mesmo, quando
acreditamos firmemente que estamos seguindo nosso caminho de coerência interna.
Fé que a vida está nos oferecendo as experiências que precisamos viver para
nosso crescimento e aprendizado, mesmo quando ela não nos oferece o que
desejamos. E para aqueles que creem, é também fé em Deus, que acolhe, protege,
ensina e provê em todos os momentos.
Assim, faço meus votos para o ano
37, que eu possa cada dia mais aprender a aceitar a minha realidade.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Instagran: @solteirosecasais
Referência da Figura:
1. foto extraída do google
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Olá Adriana. Feliz com seu amadurecer...com sua perspectiva otimista e corajosa diante da vida!!! Parabéns. Deus continue te abençoando e providenciando o melhor para você. Forte abraço. Marília
ResponderExcluirOi Marília
Excluirfico muito grata pelo seu carinho e pelo generoso olhar! Muitas bênçãos sejam derramadas na sua vida também!
Abraço carinhoso!
Adriana
Parabens e felicidades Adriana...muito bem escrito o seu texto sobre aceitar o momento presente, eu já passei dos 37 anos há muito tempo e te digo que não gostaria de voltar aos 37 anos, me sinto feliz e plena aos 56 anos e posso te afirmar que a vida nos oferece exatamente aquilo que precisamos o que nem sempre é o que achamos que é o melhor. Minha filosofia de vida é: ACEITAR - CONFIAR - ENTREGAR E SER GRATA.
ResponderExcluirQue linda sua filosofia de vida Sueli!
ExcluirMuito grata por compartilhar! Vou agregar à minha vida também!
Bom também saber da sua perspectiva aos 56, espero chegar lá com toda sua vitalidade!
Um abraço carinhoso