SEXO FAST FOOD
As conquistas alcançadas pós Revolução
Sexual, anos 1960-70, foram muito significativas no sentido de uma maior
liberdade na vivência da sexualidade. Muitos mitos e padrões sociais foram
questionados e transformados. Juntando esta revolução com o Movimento Feminista
iniciado na mesma época, a liberdade sexual também alcançou as mulheres, com o
advento da pílula anticoncepcional e as iniciativas para legalização do aborto
(conquistada em alguns países).
Apesar de uma série de movimentos
religiosos que vão contra essa perspectiva, hoje conseguimos vivenciar uma
maior liberdade sexual, o que não significa que exista uma verdadeira entrega
ao prazer.
Conseguir uma transa é muito fácil. É só você ir
para uma balada qualquer e seduzir alguém que também esteja com essa intenção.
Muitas baladas funcionam como um fast food do sexo, basta escolher, “pegar”,
propor e conseguir.
De fato é muito bom ter essa
liberdade de conhecer alguém numa noite, sentir um desejo físico intenso e dar
vazão a este tesão do momento, numa transa sem compromisso.
Mas vejo três problemas decorrentes
dessa banalização e amplificação do sexo fast food, vejamos:
1) Falta de Qualidade
Para se ter um sexo com qualidade, é
preciso que cada parceiro conheça o outro e tenha um mínimo de intimidade para
saber o que, e como, o outro gosta de ser tratado na cama. Esses encontros
casuais, definitivamente não promovem essa intimidade em tão pouco tempo, e
portanto, o sexo será mais egóico, egoísta, cada um tentando se satisfazer e
chegar ao gozo tão desejado.
A falta de qualidade também está
ligada a inabilidade das pessoas em se conhecerem e a suas preferências
sexuais, assim como a dificuldade de expressá-las. Se numa relação afetiva já é
difícil comunicar, imaginem numa transa sem compromisso?
2) Falta de Entrega ao Prazer
Este tópico é bem contraditório,
pois ao mesmo tempo em que parece que transar de primeira é uma entrega ao puro
prazer, por outro ângulo, esse prazer é limitado numa vivência mais genital da
sexualidade. E a sexualidade é muito mais ampla do que a genitalidade. Entregar-se
genitalmente ao outro não é o mesmo que entregar-se por inteiro ao outro,
genital, sensorial, emocional e vincular.
Transar muito e com parceiros
diferentes pode significar inclusive uma incapacidade para se envolver
emocionalmente, e possivelmente também uma grande defesa contra a criação de
vínculos afetivos.
3) Banalização do Envolvimento
Como transar ficou muito fácil e
fast food, parece que homens e mulheres seguem numa busca do encontro perfeito,
que nunca ocorrerá, pois sempre ficará a ilusão de que a “grama do vizinho é
mais verdinha”. E fica também o aprisionamento na perspectiva do “e se tiver
alguém mais interessante na próxima balada?”.
Envolver-se ficou fora de moda.
Convidar o outro pra sair e conversar, tomar um café, um almoço ou jantar,
igualmente retrô. Eu admiro outras culturas onde as pessoas fazem estes tipos
de convites e se dão o direito de correr o risco do envolvimento. Na nossa
cultura parece que as pessoas têm tanto medo de se envolver que elas
paradoxalmente se envolvem rapidamente no sexo para não envolverem
afetivamente.
E o pior de tudo é que elas fogem
dos seus anseios mais profundos de intimidade e amor.
Me lembro das ideias do autor
Flávio Gikovate, em seu livro “Uma nova visão do amor”, onde ele aborda os
nossos vários fatores antiamor, sendo dois deles o medo de sermos amados e o medo de
sermos felizes. Assim, somos nós os maiores sabotadores do amor e da felicidade em nossas vidas.
Não vejo problema algum na liberdade
sexual, mas vejo um sério problema cultural nos quesitos intimidade,
envolvimento e amor. Mas infelizmente estamos mais preocupados com o desempenho
e a imagem do que com o aprofundamento relacional e pessoal.
Onde você se encaixa, querido leitor?
Deixe uma mensagem no espaço para comentários abaixo. Assim vamos enriquecendo e
aprofundando estas questões!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Referência da Figura
1 - Retirada do Google Imagens
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Oi, Adriana!
ResponderExcluirGostei do seu texto, nele foram abordados pontos essenciais para a realização de uma relação mais próxima possível do ideal de saudável.
Obrigada por deixar seu comentário Juliana!
ExcluirAbs Adriana
Realmente Adriana, vivemos uma época em que grande parte das relações estabelecidas entre sujeitos são superficiais. Não há entrega, troca, encontro. A cultura hedonista tem prevalecido, e os questionamentos e posições que pretendem se contrapor a este momento são desprestigiadas, frágeis.
ExcluirOlá Matheus, concordo com você, e essas relações superficiais podem funcionar bem em momentos específicos da vida, mas como modus operandi de uma vida, elas não alimentam nossa alma. Precisamos nos permitir o aprofundamento apesar de todos nossos medos. Agradeço por compartilhar conosco sua opinião.
ExcluirUm abraço, Adriana
É bem isso o que vivemos hj : descartabilidade
ResponderExcluirInfelizmente, não é mesmo Joana!? E como sair dessa perspectiva de descartabilidade? Nos permitindo cuidar de nós mesmos e das nossas relações. Faz parte do processo de nos tornar adultos.
ExcluirAgradeço por deixar seu comentário!
um abraço, Adriana
Oi, Adriana
ResponderExcluirGostei do seu texto. Compartilhei, achei muito pertinente.
Beijos.
Olá Silmara, que alegria vê-la por aqui! Fico feliz que tenha gostado do texto e compartilhado.
ExcluirUm abraço afetuoso,
Adriana