MATANDO O PARCEIRO NOS RELACIONAMENTOS
Uma das coisas mais difíceis de
aprender na vida é lidar com as
diferenças humanas. Geralmente aceitamos melhor as pessoas semelhantes e
rejeitamos as diferentes. A atração se dá pela semelhança, mesmo quando esta
aconteça pelos padrões doentios.
No entanto não quero abordar neste
post essas diferenças que impossibilitam uma relação, mas sim aquelas pequenas
características da personalidade, as quais geram brigas e picuinhas entre os
parceiros, e uma consequente hostilidade massacrante.
Nossas famílias são nossas maiores
escolas no aprendizado de não aceitar
as diferenças. É muito comum sermos rejeitados, ameaçados de perder o amor, e
até severamente punidos quando somos diferentes, ou quando tomamos caminhos fora
do padrão, ou quando agimos contrariamente a expectativa de nossos familiares.
Assim, o que aprendemos é que para sermos aceitos precisamos ser iguais,
funcionando nos mesmos padrões definidos pela família e pela sociedade como
normais.
Sendo educados assim, desde crianças
já vamos sendo severos com os coleguinhas diferentes, na adolescência nos
agrupamos com as “tribos” de iguais e rejeitamos as outras, e na idade adulta
nos relacionamos com parceiros diferentes tentando mudá-los, “matando-os” no
sentido metafórico da questão.
Por que utilizo o termo matar? Porque passamos grande
parte das relações tentando exterminar as diferenças do parceiro, que o
caracterizam como indivíduo. Nos impomos sempre achando que nossos padrões são
os melhores e mais corretos, e não temos a flexibilidade necessária para
aprender a negociar sem ferir a individualidade do outro.
Sim, o tempo todo ferimos a individualidade dos
parceiros. E também somos feridos na nossa.
A situação é agravada quando a
pessoa é dependente e entra em
relações de dependência, pois não consegue ficar sozinha e por consequência
arranja qualquer relacionamento, mesmo aqueles que não são dignos para ela.
Saber ser sozinho e lidar com a própria solidão é fundamental para que
possamos escolher um parceiro amoroso que combine com nossos desejos e buscas.
Desde adolescente eu me lembro de
ter essa noção de aceitação da diferença em um relacionamento. Eu tinha um
amigo de quem eu gostava muito e tivemos um flerte, mas quando ele de fato
tentou se aproximar para um relacionamento, eu acabei negando, pois tinham
valores religiosos que eu estava começando a mudar, e que eram muito
importantes pra ele. Se eu decidisse ficar com ele, eu estaria colocando um
entrave nas minhas mudanças ou começaria uma luta para tentar mudá-lo. Na época
eu pensei que não era justo com ele entrar numa relação já querendo que ele
mudasse. E não era justo comigo também voltar atrás em algo que eu acabara de
conquistar.
O problema é que as pessoas, seja
por carência, por um baixo nível de consciência ou por problemas de caráter,
entram em relações que já sabem de antemão que não são o que desejam, mas com a
ilusão de que vão conseguir fazer o outro mudar. Isso não vai acontecer. O
outro só muda se ele quiser muito. Mudanças requerem muito esforço, mais fácil é ficar na zona de conforto dos nossos aprendizados originais.
Precisamos escolher relações que
estejam baseadas em valores semelhantes aos nossos, onde haja afinidades em
alguns aspectos, com pessoas que consigamos aceitar as qualidades e defeitos. Tolerar apenas, é insuficiente, precisamos aceitar. E isto não
significa que tenhamos que permitir ser agredidos e mal tratados, mas exige que
saibamos lidar com as diferenças sem fazer delas uma ameaça ou um campo de
batalhas.
Especialmente, precisamos aprender a negociar com nossos parceiros o que desejamos, o que não desejamos, o que aceitamos, o que não aceitamos, fazendo isso de forma amorosa, sem matar a individualidade do outro.
Especialmente, precisamos aprender a negociar com nossos parceiros o que desejamos, o que não desejamos, o que aceitamos, o que não aceitamos, fazendo isso de forma amorosa, sem matar a individualidade do outro.
E se a pessoa é muito diferente de
nós, se nossos valores e crenças são contraditórios e não toleramos vários
aspectos do outro, o melhor caminho é sair pela porta onde entramos, a “arte de
saber se retirar”. Há relacionamentos que simplesmente não são possíveis, ou
não valem a pena.
Pense nisso leitor e deixe seus
comentários no espaço abaixo!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Referência da Figura
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Oi, Adriana, boa tarde!
ResponderExcluirNossa, parabéns, encontrei você hoje aqui na internet buscando algo para ler acerca da relação de poder, comunicação, essas questões relacionadas ao casal, ao gênero masculino e feminino. Também sou psicólogo e especializando em Terapia de Família e Casal - Sistêmica. Estes são os assuntos que desejo abordar em meu trabalho de conclusão de curso. Estou a mais de 3 horas lendo suas postagens e me encanto cada vez mais com cada uma delas. Parabéns. Vou continuar aqui lendo, pois acredito que elas me ajudarão em minha pesquisa. Obrigado. Grande abraço.
Olá Aenes
Excluirque alegria receber a sua mensagem! Fico feliz se os textos puderem contribuir de alguma forma para sua vida profissional.
Uauuu, mais de 3 horas lendo o blog! Eu nem me dei conta que tenho textos para tantas horas assim!
Fico muito grata pelos parabéns e desejo boa sorte no seu TCC. Se precisar de alguma indicação de livros é só me enviar uma mensagem no "Converse Conosco" ao lado.
Abraços, Adriana Freitas
Oi Adriana, parabéns, mais um texto excelente, sua forma de escrever ė de uma clareza indiscutível. Abraços Luzinete Vasconcelos.
ResponderExcluirObrigada Luzinete, fico muito feliz que vc goste da forma como escrevo e que esteja gostando do blog! Um abraço
ExcluirAdriana
Oi amiga!!!! Muito bom o texto, no mundo de hoje esta difícil os relacionamentos estamos vivendo em relacionamentos muito intenso muito liquido tudo esta sendo passageiros nas vidas das pessoas.
ResponderExcluirQue bom que vc gostou do texto Salete! Realmente estamos numa época de redefinição dos valores relacionais e precisamos achar o que verdadeiramente nos alimenta e nos faz felizes.
ExcluirUm abraço, Adriana