POR QUE NÃO CONSIGO UM RELACIONAMENTO?
Muitas pessoas hoje se queixam de
que não há homens e mulheres disponíveis ou que desejam um relacionamento sério,
que as pessoas perderam os valores e não são confiáveis para um compromisso, e
que só querem sexo e curtição.
Essa é uma estratégia de
culpabilização do outro como sendo o problema para não se conseguir namorar. Apesar
de encontrarmos um padrão de funcionamento social onde o sexo ficou mais fácil
após a revolução sexual, além de mudanças e confusões nos papéis femininos e
masculinos que consequentemente geraram um desencontro amoroso, culpar o outro
por nossa dificuldade de encontrar um parceiro é a resposta mais fácil, a qual podemos
nos apegar com facilidade.
Mas estou escrevendo este post para
falar da resposta mais difícil, que é fazer uma avaliação do seu interior,
buscando compreender os fatores internos que dificultam o encontro amoroso.
Destaco duas importantes questões, a seguir.
CRENÇAS
As crenças* são aqueles conceitos que aprendemos desde pequenos
sobre o que é o amor e o encontro amoroso. Você pode ser consciente ou
inconsciente de suas crenças, pois elas são aprendidas na vivência do dia a dia
com nossas famílias de origem, e são tidas como normais nesse contexto. Nem
sempre temos uma crítica sobre essas crenças e simplesmente as vivemos como
verdades absolutas.
As crenças amorosas podem ser boas
ou ruins, dependendo de como o amor foi e é vivido na sua família. Aqui não
quero fazer um juízo de valor, mas apenas separar as crenças ruins como sendo aquelas
relacionadas a todos os tipos abuso e violência, ou simplesmente aquelas que a própria pessoa avalia como ruim.
Se o amor era associado a violência, você terá uma crença de que
para ser amado precisará ser agredido de alguma forma, seja ela verbal ou
física e tolerará esse tipo de comportamento em suas relações. Ou você também pode
evitar entrar em relacionamentos pelo medo de ser agredido novamente, pois além
de entender que amor inclui violência, você não acredita que possam existir
outras formas de amar.
Quando as famílias vivenciam o amor
relacionado ao distanciamento, a
frieza, e a falta de afeto, você acabará atraindo e aceitando esse tipo de
relacionamentos em sua vida, mesmo que seu desejo seja o oposto. Poderá atrair
também pessoas indisponíveis para um relacionamento ou aquelas que apenas se
envolvam superficialmente.
Se a crença amorosa estiver ligada a
dependência, você tenderá a se
envolver com pessoas que possuem algum tipo de vício, sejam eles, o da
codependência (cuidar dos outros), das drogas lícitas e ilícitas, do trabalho,
da comida, etc. Nesse caso, as pessoas costumam estar em relacionamentos o que
não significa que sejam satisfatórios, pois preferem estar com alguém a estar
sozinhas, já que a crença é na dependência do outro para sobreviver.
Outras
crenças comuns são:
“homens não prestam”, “mulheres que gostam de sexo são putas e não confiáveis”,
“eu tenho que cuidar/proteger meus pais”, “não posso ser desleal nem abandonar
a minha família”, etc.. Sejam explícitas ou sutis, todas estas ideias estão
profundamente arraigadas no nosso inconsciente, e podem nos impedir de
encontrar um relacionamento.
Então, diante de algumas dessas
crenças e padrões citados (que não são os únicos), você precisa procurar identificar como o amor era e
é vivido em sua família e qual conceito de amor você aprendeu lá na sua origem,
e avaliar se ele por si só, já seria um problema para o encontro amoroso. Se você
possui crenças negativas, provavelmente você impedirá, inconscientemente, o
amor de acontecer em sua vida.
O
MEDO DE SER AMADO
Partindo das crenças e do conceito
de amor, chegaremos ao medo mais básico do ser humano, o medo de ser amado. Parece
loucura, mas é uma das grandes contradições humanas: o forte desejo de ser
amado versus o igualmente forte medo de ser amado.
Lendo o livro do Flávio Gikovate, “Uma nova visão do amor” compreendi um pouco desta questão, quando ele aborda a busca do amor e os fatores antiamor. O
livro é bastante complexo e são vários os fatores, mas gostaria de destacar
dois pontos em especial:
Por um lado, o impulso amoroso está ligado o desejo de voltar a encontrar a
perfeita fusão existente dentro do útero materno ou do aconchego materno após o
nascimento. Por outro lado, em contraposição, há o impulso pela separação e pela individuação que a criança começa a
fazer quando descobre e desenvolve suas capacidades corporais, e na
adolescência quando começa a se afirmar como diferente dos pais, e a se
identificar com os grupos sociais.
Na nossa cultura brasileira, a separação nem sempre é vivida de forma natural,
mas sim de forma ansiosa, podendo ser completamente desmotivada e até rejeitada
de forma agressiva e desqualificadora. Quando a família reage a separação negativamente, o indivíduo pode se sentir ameaçado de perder o amor familiar,
interrompendo seu processo normal de separação, e criando os conceitos de separação
e de vínculo muito inadequados.
Assim, apesar de desejar encontrar
aquele aconchego do amor materno, há o medo de ser engolido por esse amor e
nunca mais poder voltar a sua individualidade. Há também uma tendência de se amedrontar
diante de sentimentos intensos pelo outro e a fugir deles.
E supondo que o indivíduo não tenha
fugido e tenha encontrado o tão sonhado aconchego, também haverá o medo de ser
abandonado e de perder a fusão reencontrada. Esse medo é característico de
famílias onde os pais ameaçavam consciente ou inconscientemente de abandonar os
filhos, caso eles não fizessem o que os adultos desejavam, não lhes dando
segurança do amor.
Diante de toda essa contradição,
tendemos a buscar relacionamentos onde o fator amoroso e o fator antiamor se
equilibrem, ou seja, buscamos parceiros que tenham certas afinidades mas que
também tenham certas características impedidoras do amor realmente acontecer.
É importante que avaliemos como
nosso medo de ser amados nos faz boicotar
nossa busca amorosa, e tentar entender como fazemos isso na prática, nos
interessando e nos envolvendo com pessoas que reproduzem nossos velhos
conceitos amorosos e que não podem nos oferecer o amor que realmente desejamos
e merecemos.
Em outras palavras, precisamos mudar
nossas crenças básicas sobre o amor, deixando as crenças familiares para trás, enfrentando
nossos medos e buscando aprender a nos permitir ser amados.
Estimado leitor, deixe seu
comentário abaixo sobre suas impressões deste texto!
* O vídeo da Gisela Vallin (confira no site) foi inspirador para esse tópico.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Referência da Figura
1 –imagem retirada do google imagens
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