TERAPIA DE CASLS
O QUE É E POR QUE FAZER?
Nesta última semana, quando fui à
primeira consulta com meu nutricionista esportivo novo, conversamos sobre minha
profissão e sobre a terapia de casais. Ele me deu um retorno interessante sobre
o quanto esse ramo terapêutico ainda é desconhecido e tampouco ele sabia de um
profissional que pudesse indicar. Como eu sou da área e lido com muitos
terapeutas da área, acabei naturalizando a questão, e nem me dei conta dessa
escassez de informação. Decidi escrever este post para esclarecer melhor o
assunto.
A Terapia de Casais é recente em
termos de história das vertentes psicológicas. A Abordagem Sistêmica a qual
embasa meu trabalho com indivíduos, casais e famílias, teve seu maior impulso
de desenvolvimento após a década de 1960-1970. Considerando que a pioneira Abordagem
Psicanalítica foi desenvolvida inicialmente por Sigmund Freud no final do
século XIX, a Sistêmica é como se fosse um “adolescente-jovem adulto” das terapias.
A Psicanálise, durante sua história,
teve um foco muito mais significativo no atendimento
individual e isto criou uma cultura social mais voltada para este tipo de
atendimento. Portanto quando a Sistêmica amplia o foco para o tratamento da
família e do casal, inicialmente é o terapeuta que faz essa redefinição do seu
foco de atendimento, pois geralmente as pessoas não buscavam (e ainda não
costumam buscar) por esses tratamentos.
Além disso, é muito mais fácil para
qualquer indivíduo colocar a culpa
de todos os problemas familiares e de casal na outra pessoa e não assumir sua
própria parcela de responsabilidade em seus relacionamentos. Assim como colocar
todo o problema na criança e no adolescente que apresentam sintomas e pedir
secretamente para o terapeuta: “conserta pra mim esse menino, mas não mexa com
o resto do sistema familiar e de casal”.
Sendo assim, a primeira
conscientização que as pessoas precisam fazer para avaliarem se desejam fazer
uma terapia de casal é que, em termos de casal (e em termos dos relacionamentos
no geral) a responsabilidade é
repartida: 50% para cada pessoa. Se o relacionamento tem problemas, ambos
são “culpados” e não apenas um só, cada um contribuindo com aspectos negativos
e doentios de si mesmo para manutenção dos sintomas que aparecem.
O atendimento acontece com os dois
parceiros simultaneamente na sala de terapia. Os dois têm direito igual de
verbalização, mas é o terapeuta quem vai conduzindo a entrevista e mediando a
conversa.
O
Terapeuta é uma
pessoa que olhará para o sistema casal, numa perspectiva ao mesmo tempo distanciada
e técnica com olhar de fora, e ao mesmo tempo próxima e acolhedora, sendo
participativo no sistema terapêutico, fazendo questionamentos, intervenções,
mostrando suas percepções e leituras sobre a dinâmica do casal e as questões
individuais que são geradoras dos sintomas. É uma construção em conjunto de uma nova visão sobre o problema e sobre possíveis soluções criativas e de saúde para o casal.
Na Terapia de Casais, existem temas gerais
que costumam nos chegar como problemas e precisam ser trabalhados e melhorados:
1. A Dinâmica da Relação: esta pode ser simétrica com disputa de poder, agressões e violências de igual
para igual; ou pode ser complementar,
havendo uma dependência onde os papéis são diferentes assim como a distribuição do poder (ex.: abusador-abusado, controlador-controlado,
etc.). Quando uma relação não flutua equilibradamente nos dois polos, e fica
rígida num deles, trazendo angústia para um ou ambos parceiros, há necessidade
de terapia de casal.
2. A Comunicação: nossa educação familiar foi muito
pobre sobre nos ensinar a falar de sentimentos e a pedir claramente o que
desejamos. Nas relações de casal isso se agrava com o pacto secreto do
casamento onde os parceiros são obrigados a adivinhar e realizar o desejo do
outro e caso não o façam, isso é considerado desamor. Uma boa comunicação
favorece a diminuição de expectativas fantasiosas e a melhoria da troca afetiva,
sendo fundamental no trabalho da terapia.
3. As Expectativas Infantis: falando em expectativas, estas são
elementos tóxicos em qualquer relação. Acontece quando os parceiros esperam ser
cuidados e amados de forma infantil, como se fossem aquela criança carente do
passado. Cada um projeta no parceiro a realização dos desejos infantis e
assim é criado um sério problema quando há a frustração pela não realização
deles. Inicia uma dinâmica de cobranças e exigências e um consequente
levantamento de defesas entre os parceiros, com distanciamento afetivo, hostilidade,
agressividade ou violência. Na terapia de casais buscamos ajudar os indivíduos
a aprenderem a cuidar de si mesmos e de suas necessidades para que assim possam
oferecer algo para o casal e não apenas queiram retirar seus suprimentos de lá.
4. A Família de Origem: a família é nossa escola primordial
de relacionamentos. Lá aprendemos o que é e como é o amor e passamos a buscar
algo semelhante, mesmo quando nosso conceito foi negativo. Aprendemos também
nossos papéis e padrões positivos e negativos de comportamentos e expectativas
nos relacionamentos. Muitos desses papéis e padrões são inconscientes e parecem
que são normais, mas se não estiverem de acordo com o desejo do casal, podem se
tornar problemas e repetições das histórias de origem. Assim, na terapia de
casais, fazemos uma leitura do genograma familiar (uma árvore genealógica
recheada de histórias) até três gerações acima de cada parceiro, buscando
compreender esses conceitos, padrões e repetições, os quais mantemos por uma
lealdade com a família, para que possamos ter consciência e a partir dela,
possamos verdadeiramente escolher o que desejamos.
Se seu relacionamento possui esses
problemas (e outros além desses) ele é indicado para a Terapia de Casal. No
entanto, se não houver desejo de investir energia para transformar essa
relação, e se os parceiros não estiverem dispostos a trabalhar as próprias
feridas do passado para se libertarem delas, não há como iniciar um trabalho.
Ambos precisam acreditar que vale a pena e que acreditam na possibilidade de
crescerem juntos e terem uma vida a dois mais satisfatória. Ou pelo menos um precisa dar o primeiro passo, mesmo que o outro vá atrás como foi no caso do filme "Um divã para Dois".
![]() |
Imagem do filme acima citado |
As relações ruins são mantidas ou
por dependência, ou por um conceito negativo de amor, ou por comodismo, ou por
falta de permissão de viver algo melhor. Eu acredito que as relações precisam
ser fontes de amor e prazer nas nossas vidas e se elas perdem essas funções,
mudanças precisam ser feitas, e a Terapia de Casal é um ótimo recurso! Quem topa o desafio? Deixe sua opinião no espaço para comentários abaixo!
PS: o texto está cheio de tags para outros textos que escrevi. Confiram!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Referência da Figura
1 e 2 – Imagens retiradas do google imagens
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