Esta
semana, lendo o livro “Viver não dói” da Leila Ferreira, me deparei com a frase
da terapeuta de casais Lidia Aratangy: “casamento
não é coisa para preguiçosos” (p.47). Eu já vinha pensando sobre o assunto
e só ampliei a frase para incluir o amor no geral e não apenas o casamento, título deste post.
O
que tenho observado é que as pessoas desejam ter relacionamentos, mas não estão
muito dispostas a investir nos mesmos. Considero este investimento como
englobando dedicação de tempo, diálogo, negociações, concessões e um verdadeiro
desejo de ajudar o outro em seu processo de crescimento.
De
fato somos preguiçosos. Gostaríamos que o relacionamento desse certo sem termos
que fazer muito esforço, que naturalmente as coisas fluíssem. Enquanto o
parceiro atende nossas necessidades, não contrariando nossas expectativas, o
relacionamento flui “naturalmente”. Os problemas começam quando o outro nos
frustra consciente ou inconscientemente, comprometendo essa fluidez.
O
momento inicial da paixão é esse
período “mágico” e fluido da vida a dois, onde parece que tudo se encaixa
perfeitamente. Como os parceiros estão no período da conquista, eles acabam
dando o melhor de si, sem fazer muito esforço e por isso temos a ilusão de que
o amor desenvolve naturalmente.
Mas
após a passagem da paixão, começam a aparecer as diferenças de cada indivíduo,
suas características positivas e negativas, suas qualidades e seus defeitos. Os
indivíduos mostram seu lado mais mesquinho, egoísta, exigente, cobrador e ao
invés de doar amor, passam a querer recebê-lo a qualquer custo, de forma
infantil.
É
um período onde a criança carente
habitante dentro de nós sai para fora com toda força reprimida, disposta a
cobrar todo amor que lhe foi negado, negligenciado, não correspondido ou
traumaticamente quebrado. (veja abaixo o workshop que estou realizando sobre o
Acolhimento da Criança Interna Ferida).
Essa
fase dos relacionamentos é uma das mais difíceis. Geralmente os casais que
chegam na minha clínica estão nesse período e possuem pouca esperança e ainda
muitas expectativas. Disposição para mudanças individuais e relacionais é uma
qualidade a ser estimulada e conquistada na terapia de casal.
Para
se construir um amor maduro e bem disposto – ao contrário de
preguiçoso – cada indivíduo precisa lidar com os próprios demônios de sua
criança interna ferida e não nutrida, aprendendo a cuidar dessa criança assim
como das necessidades do eu adulto. Do contrário, irá projetar no parceiro
amoroso essa demanda de cuidado.
Essa
economia amorosa, doar pouco e
esperar receber muito, ou doar muito e não receber nada, está fadada ao
fracasso, mesmo quando os parceiros não se separam. Uma economia amorosa
saudável sai da lógica capitalista de obtenção de lucro e vai para uma lógica
de vida sustentável.
Na
perspectiva sustentável do amor, há
um pensamento ecossistêmico: respeito
a si mesmo, ao outro, ao ambiente, ao coletivo e também a diversidade e as
diferenças; interesse em preservação –
e não em destruição egoísta - dos recursos naturais, individuais e coletivos;
cada um se torna responsável por
fazer sua parte na preservação do relacionamento e atua de forma cooperativa,
estabelecendo parcerias ao invés de
competições ou exigências infantis; flexibilidade para lidar
com conflitos e crises promovendo mudanças e construindo um novo equilíbrio; e valorização dos papéis desempenhados por
cada um. (conferir aqui um texto de Fritjof Capra sobre sustentabilidade).
No
livro da Leila Pinheiro, ela escreve algo sobre o relacionamento da escritora
Isabel Allende e seu marido Willian Gordon, nomeando um dos capítulos como “o
amor elegante de Isabel Allende”. Ela relata como a Isabel se arruma todos os
dias, passando maquiagem e colocando sapato de salto, para ir trabalhar - sendo
que seu escritório é nos fundos de sua casa - com a intenção de ficar bonita
para o marido. Ela se arruma para ele, mesmo podendo trabalhar de pijama o dia
inteiro.
Esse
gesto é apenas um dos milhares possíveis quando você está engajado e cuidadoso
com o relacionamento e se recusa a deixar que a preguiça e a acomodação tomem
conta e destruam a “elegância” no seu relacionamento.
Então,
o convite está feito: construir um amor bem disposto! Você
topa o desafio, querido(a) leitor(a)? Compartilhe conosco, no espaço para
comentários abaixo, o que já fez para superar a preguiça no seu relacionamento.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Referência das Figuras
1 – imagem retirada do google imagens.
2 - montagem feita por mim.
2 - montagem feita por mim.
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Você disse tudo Adriana. Muito boa a sua colocação.
ResponderExcluirEu já dizia a anos...
Até para "amar" é preciso trabalhar.
Pois é Clóvis! rsrs
ExcluirO amor exige dedicação, investimento e nesse sentido dá trabalho mesmo!
Agradeço seu comentário
Abraço