AUTOEROTISMO
INTERDITOS E LIBERTAÇÃO
Gostaria de iniciar este post
esclarecendo que não vou falar do autoerotismo segundo o embasamento da teoria
psicanalítica, mas sim do autoerotismo como a capacidade que cada indivíduo tem
de promover o prazer erótico para si mesmo, e de como a família e a cultura acabam
por interditar o desenvolvimento desse aspecto da vida.
Desde o início do desenvolvimento da
sexualidade humana, várias são as crenças negativas que a família transmite
para o indivíduo, muitas delas embasadas nos mitos construídos pela sociedade e
pela religião, onde o prazer do corpo é conotado de forma péssima, com
diferentes intensidades e perspectivas para homens e mulheres.
Numa perspectiva bastante arraigada, para as mulheres, viver e admitir
esse prazer as transforma em putas e vagabundas, ou mulheres fáceis. Para os
homens, como a afirmação da masculinidade passa pelo sexo, parece que eles
estão livres por serem mais incentivados nessa área. No entanto, ter que
afirmar-se via sexo já é uma prisão em si, pois seu desejo não pode ter
escolha.
Quando a criança começa a descobrir
o prazer no próprio corpo e nos genitais, e masturba na sua maneira infantil, ela
está apenas explorando as sensações prazerosas que sente. É o adulto quem
intervém, muitas vezes de formas agressivas, corrigindo, xingando e brigando
com a criança, que não entende o que está acontecendo, mas registra suas
primeiras interdições e proibições.
Em decorrência disso, o autoerotismo
fica muito prejudicado, muitas vezes negligenciado, cheio de culpa ou vivido
compulsivamente.
Apesar da revolução sexual do século
passado, o que vejo na prática clínica são pessoas vivendo sexualidades
limitadas ou doentias. Seja pela ausência da masturbação ou por sua prática com
sentimentos de culpa, seja na compulsão sexual que não gera saciedade, mas sim
mais necessidade de masturbação ou sexo, ou seja pelas disfunções sexuais como
ejaculação precoce, impotência sexual, frigidez, etc., podemos perceber o
quanto a vivência do prazer não é algo bem resolvido para uma grande parcela da
população.
Por trás desses problemas, o que
encontramos são conceitos de ser homem e ser mulher restritivos, que enquadram
as pessoas em formas pré-estabelecidas e limitam mais ainda suas maneiras de
estar no mundo. As concepções do patriarcado estão longe de serem dizimadas. Suas
influências somadas as influências do feminismo, nos fazem encontrar hoje masculino
e um feminino em crise, bastante confusos, mas com possibilidades de construção
de algo novo.
É dentro desse contexto histórico, familiar
e cultural que estabelecemos ou deixamos de estabelecer uma relação com nosso
corpo. Relação esta que pode ser de senhor x escravo, amantes, amigos, “colegas
de quarto”, ou desconhecidos. Algumas dessas relações simplesmente ignoram
qualquer resquício do autoerotismo.
Recuperar ou descobrir o
autoerotismo requer, em primeiro lugar, que revejamos nossas crenças sexuais mais
infantis e adolescentes, e também nossos aprendizados dos mitos sobre a sexualidade, avaliando como eles ainda têm poder sobre nós. Um enfrentamento consciente e uma
renovação de crenças se faz necessário num processo de cura da relação com
nosso corpo.
Segundo, é fundamental que ampliemos
nosso conceito de erotismo, que geralmente tem o foco nos genitais. A
capacidade de viver prazer erótico não é restrita de forma alguma a sexualidade
genital. Nosso corpo é erótico em seus cinco sentidos: audição, olfato,
paladar, tato e visão. Quem nunca sentiu prazer de comer uma comida gostosa, ou
de ouvir uma música que gosta ou um elogio, ou de ver uma paisagem bela, ou de
sentir um bom perfume, ou de ser tocado em partes inusitadas do corpo? Pois
existe todo um campo sensorial a ser descoberto e sentido.
Em terceiro lugar, da mesma forma
que encontramos tempo pra trabalhar, pra estudar, pra cuidar das coisas da vida
e da família, precisamos dedicar um tempo para descobrir o prazer ou pelo menos
estar atento ao que dá prazer no dia a dia. Por exemplo o momento do banho e pós-banho é um ótimo tempo para se dedicar ao corpo, senti-lo e erotizá-lo.
Lembro-me de um dia que voltava pra
casa a pé, numa chuva razoavelmente forte, onde apesar de estar com a sombrinha aberta, eu molhava
muito, e como a sensação da chuva tocando o meu corpo e a lembrança da música “singin’in the rain” , comecei a tirar a sombrinha para
sentir a chuva, e senti um prazer autoerótico nesta situação.
Ou seja, o autoerotismo não está
relacionado apenas com o estar nu e fazer uma masturbação, mas sim com toda
vivência prazerosa no corpo, com toda vivência sensível, quando o indivíduo se
dá a permissão de sentir, último tópico desse post.
O sentir é algo encontrado depois
que “descascamos as várias camadas” das defesas que vamos construindo ao longo
da vida. Criamos muitas defesas sim, pois o sentir está ligado ao bom e ao ruim
ao mesmo tempo, e na tentativa de bloquear sentimentos e sensações ruins vindos do externo, vamos
sobrepondo camadas invisíveis e as vezes visíveis (gordura e rigidez muscular por exemplo) de
proteção, que na verdade são ilusões de proteção.
Em outras palavras precisamos
escolher se vamos correr o risco de ficarmos vulneráveis. Infelizmente muitas
pessoas não escolhem ou não conseguem escolher pois o medo de ser ferido é
muito maior. Quando os bloqueios são mais profundos, uma ajuda psiquiátrica e/ou
psicoterapêutica é fundamental.
Você está disposto a correr o risco,
estimado leitor? Compartilhe conosco suas impressões sobre o texto no espaço
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Referência das Figuras
1 – imagem 2 retirada do google imagens.
ADRIANA FREITAS
Desenvolvimento Humano
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Canal: Liberdade Sexual e Adriana Freitas – Desenvolvimento Humano
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