O DINHEIRO E OS CASAIS
CRENÇAS E DINÂMICAS #1
No
post de hoje quero iniciar uma reflexão sobre o dinheiro na vida e nas
relações. Comecemos buscando nos lembrar das nossas primeiras experiências
familiares com o dinheiro. E como sua
família tratava a questão financeira? Como lidavam com o dinheiro ou a falta
dele? Como você percebeu o valor do dinheiro? Reflita então, como você foi afetado pela sua vivência de origem e como
aprendeu a lidar com dinheiro e como lida hoje com ele ou sua falta.
Eu
me lembro que na época da minha infância o Brasil passava por aquela crise
inflacionária e de como minha família foi afetada. Minha mãe vivia com medo da
falta e assim que recebia seu salário, comprava estoques de comida para
armazenar e não passar falta. Lembro-me também que ela me deixava contar seu
dinheiro quando o retirava do banco e na minha inocência, eu achava que quanto
mais notas ela tinha, mais dinheiro tinha, pois eu não sabia o valor das notas
ainda.
Foi
uma época de uma ansiedade coletiva e familiar que ficou registrada em minha
vida e na forma como eu lido com o dinheiro ou sua falta. Até bem pouco tempo, como eu só trabalho como autônoma,
eu sofria muito, ficava extremamente ansiosa, quase desesperada, com a
possibilidade de esgotar minha poupança e passar falta, não conseguir pagar as
contas e me endividar. Posso dizer que hoje, por ter vivido num contexto de falta e não abundância, e por ter internalizado essa vivência como uma crença, ainda estou aprendendo a manter a
paz interior em períodos de escassez financeira.
Temos
a tendência de repetir os padrões familiares na forma de lidar com o dinheiro,
pois vamos internalizando inconscientemente essas crenças aprendidas como se
fossem a única verdade. Vejamos alguns padrões comuns:
1. Ansiedade com o medo da falta – meu
padrão descrito acima
2. Gastar desmedidamente para cuidar do
outro e não de si - codependência
3. Viver endividado – vive o momento
presente e não sabe economizar
4. Ladrão – vive as custas de outras
pessoas
5. “Pão duro” – ansiedade mesmo quando não
tem falta
6. Econômico – sabe guardar e gastar
numa medida equilibrada
A
partir desta lista, podemos identificar algumas dinâmicas que vão se
desenvolver nas relações de casal e em suas formas de lidar com o dinheiro.
Padrão
Ansioso-Ansioso:
ambos os parceiros têm medo da falta, trabalham muito e guardam muito dinheiro,
desfrutando pouco da vida, mas ainda tem alguma permissão de prazer. Costumam
construir patrimônio, ter dinheiro na poupança, no entanto, se sentem inseguros
e têm um pensamento constante de falta.
Padrão
Ladrão-Codependente:
um parceiro desfruta da vida enquanto o outro se sacrifica para manter a casa
os filhos e construir algum patrimônio. É uma dinâmica onde um lado é muito
infantil e o outro o adulto/velho da relação.
Padrão Ladrão-Ladrão: ambos parceiros aproveitam da
vida, mas acabam dependendo de uma terceira pessoa, codependente, que sempre
aparece para salvar financeiramente. É um padrão onde o casal é infantil.
Padrão
Endividado-Endividado:
ambos parceiros não sabem controlar sua vida financeira e acabam se endividando
sempre, vivendo de cheque especial e empréstimos. Não são grandes curtidores da
vida, mas vivem dos pequenos prazeres e o dinheiro se esvai sem saber por onde.
Padrão Pão-Duro -
Endividado: É um
padrão que pode gerar uma dinâmica de controle pai-filha mãe-filho na relação.
Mas por outro lado, as vezes o endividado precisa fazer dívidas porque não tem
a ajuda do pão-duro para a realização das necessidades da vida a dois.
Padrão Pão-duro –
Pão-duro: ambos
parceiros não vivem, mas acumulam dinheiro e outros tipos de bens que vão
adquirindo. Também são muito ansiosos e medrosos da falta e não têm praticamente
nenhuma permissão de viver prazer.
Padrão
Econômico-Econômico:
digamos que essa seja a evolução da nossa espécie! É quando o casal consegue equilibrar
os gastos com o guardar, e também consegue viver prazer e construir patrimônio.
Bem
estes são apenas alguns padrões que fui mapeando a partir da minha vivência e
da minha prática clínica. Você identificou seu padrão em algum desses descritos?
Se não, sugira outros nos comentários abaixo!
Mudar
a nossa forma de lidar com o dinheiro é um trabalho a longo prazo, que começa
com o conhecimento de nossos padrões financeiros familiares e com o desejo de
mudança individual. Não é possível um casal mudar sua dinâmica se pelo menos um
dos indivíduos não mudar suas crenças sobre o dinheiro e sua forma de lidar com
ele.
Grande
parte desse trabalho se desenvolve no aprendizado do ter e colocar limites em si mesmo e no outro. Outra
parte se desenvolve na medida em que aprendemos a acreditar no nosso potencial de crescimento para o trabalho e a vida e
na segurança decorrente dessa nova crença em si mesmo. Trabalhos esses que
podem precisar da ajuda de uma psicoterapia.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
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Referência da Figura
1 – a imagem foi retirada do google imagens.
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