SOBRE POLÍTICA E RELACIONAMENTOS
REFLEXÕES EM TEMPOS DE ELEIÇÃO
Discutir
política é uma atitude muito delicada devido ao teor divergente e conflituoso
que envolve o tema. Mas vale uma reflexão paralela sobre política e
relacionamentos, aproveitando o ensejo das eleições de 2014, que reelegeu Dilma
Rousseff como presidente.
A
parte saudável da época eleitoral é aquela onde os candidatos, juntamente com
suas equipes de trabalho, formulam planejamentos de mudanças para realizar
diversas melhorias seja para o município, estado ou nação. São visualizados os
pontos fracos que precisam de transformações e os pontos fortes que precisam de
continuidade e reforço.
Assim
também são os relacionamentos saudáveis. Cada parceiro está envolvido na
relação, procurando compreender os pontos fortes e fracos de cada um e de ambos
como companheiros, reavaliando o que está bom e o que precisa melhorar e
formulando projetos em comum, visando a melhoria e o crescimento da relação.
Mas
infelizmente o processo eleitoral que se apresenta em nosso país é muito mais
doentio do que saudável. Vamos explorar esses aspectos e compará-los com a vida
de casal, vejamos:
Uma
das características eleitorais mais inadequadas, no meu ponto de vista, é
aquela onde os candidatos procuram os pontos fracos do candidato oposto para
acusá-lo, denunciá-lo, culpá-lo pelos erros, e diminuí-lo, como forma de se
vangloriar pela suposta possibilidade de fazer melhor do que o outro. Acredito
que os problemas de um mandato devem ser avaliados sim, mas não apenas para
serem utilizados como arma na época eleitoral.
Isso
também acontece nas relações de diversas maneiras. Uma delas é quando um
parceiro pega o ponto fraco do outro e o acusa e culpabiliza por estar fazendo
o relacionamento fracassar. Não leva em conta que uma relação é construída com
50% de responsabilidade para cada parte, jogando todos os 100% de
responsabilidade nas costas de um só.
Outra
atitude relacional doentia semelhante as eleições, é quando um parceiro tenta
diminuir o outro através da desqualificação. Como se automaticamente a diminuição
do outro o levantasse e deixasse numa posição superior. Isso demonstra
importantes sentimentos de insegurança e inferioridade da parte de quem diminui
ou tenta diminuir o outro.
Nas
eleições assim como nas relações a competição pelo poder pode ser bastante
destrutiva. Brigas agressivas e violentas acontecem em ambos contextos,
utilizando inclusive mentiras e falsas acusações para manipular a disputa. As
eleições e os relacionamentos não deveriam tornar-se um vale tudo para ganhar.
No final das contas de um vale tudo relacional, ambos os parceiros saem
perdendo quando não desistem da disputa de poder.
Outra
questão importante nas eleições é a não aceitação da diferença de
posicionamento político. Outro dia estava assistindo um teatro infantil com o
Grupo Maria Cutia, na praça da Liberdade em BH, e ao final do show o grupo se
posicionou como apoiando a até então candidata Dilma, e um homem na plateia
gritou completamente revoltado com o grupo, que eles não deveriam misturar arte
com política.
Como
não fazer isso? Naquele momento me lembrei muito da música “Cálice” de Chico
Buarque e Gilberto Gil, interpretada por Chico e Milton Nascimento no vídeo
abaixo, ou seja, há muito tempo arte e política se misturam na busca pela
democracia. A vida não é separada em compartimentos estanques como o revoltado
senhor imagina que seja, além do que cada pessoa e grupo social tem (ou deveria
ter) o direito de expressar sua preferência.
A
não aceitação da diferença é um grave problema nos relacionamentos. Passamos
boa parte da vida relacional tentando mudar o parceiro para que ele seja o que
desejamos. Não reconhecemos como as diferenças são fatores que enriquecem e
fazem com que a vida a dois seja um contexto extremamente favorável ao
crescimento pessoal de cada indivíduo. Apenas enxergamos onde o outro não está
nos atendendo em nossas necessidades egoístas. Um “Cálice” relacional
representa a nossa tentativa de “matar” o outro emocionalmente.
A Política, como arte ou ciência da organização, direção, e administração ou governação, se dirigida para os Relacionamentos, pode fazer com que um casal seja responsável por pensar, refletir, avaliar, redefinir, planejar, mudar e cuidar de todos os aspectos que envolvem a vida a dois. O problema é quando queremos que a relação se dirija por si só, naturalmente, espontaneamente, sem termos que fazer nenhum esforço e investimento. Governar um estado ou nação sem uma política clara, concisa e consistente é no pior das hipóteses trágico. Imaginem um relacionamento?
E
você leitor, teria mais comparações para compartilhar? Escreva no espaço para
comentários abaixo!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica em BH
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Referências das Figuras
1 – Imagem retirada do facebook: https://www.facebook.com/HugoGloss/photos/a.10150098833201146.276817.196008906145/10152329571861146/?type=1&fref=nf
2 - Vídeo retirado do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=RzlniinsBeY
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