NA ERA DAS REDES SOCIAIS, NINGUÉM PASSA A GENTE PRA TRÁS!
EVITANDO ENTRAR NUMA FURADA RELACIONAL
Escrevo sobre
esse tema neste post, porque recentemente passei por uma situação onde me safei
de entrar numa furada relacional por causa da minha investigação do perfil do
homem conhecido no facebook. E
esta não foi a primeira vez que isso aconteceu. Também já ouvi várias histórias
de amigas e clientes sobre como suas investigações lhes ajudaram evitar
entrar em relacionamentos complicados.
Espontaneamente na vida ou através
das redes sociais, estamos expostos a encontrar pessoas com valores muito discrepantes. Cada pessoa
tem o direito de escolher (consciente ou inconscientemente) e viver seus
padrões valorativos. Mas infelizmente existem pessoas que para realizar seus
desejos e necessidades utilizam da mentira, do engano, da manipulação e da
ocultação. Dessa forma, se estamos buscando um relacionamento sério, temos que
ficar muito atentos para avaliar se a pessoa que estamos conhecendo está em
sintonia com nossos valores e observar se existem incoerências entre sua fala
e ação. Este seria o primeiro ponto
de avaliação para não entrar numa furada relacional.
A situação que vivi neste junho foi
com um homem que conheci através do tinder,
aquele aplicativo para android, onde podemos conhecer pessoas, como num site de
relacionamentos. Após nos conhecermos no aplicativo, ele me
adicionou no watsapp e no facebook (fb), mas a primeira vista não
aparecia nada, nenhuma foto com mulher, nenhuma descrição de relacionamento
sério. Houve um encontro até bastante prazeroso com uma conexão bacana na
conversa. Depois um desencontro - ausências e doenças suspeitas de final de
semana, uma postura insistente pra ir na casa dele mesmo depois que eu disse
não, a qual não gostei e falei que não daríamos certo por pensarmos de formas
diferentes. E por último uma insistência da parte dele que decidi reconsiderar.
Nesse momento resolvi fuçar mais no fb para avaliar melhor a pessoa. Eis que
numa foto dele postada em um dia bem recente deste mês, havia um comentário de uma
mulher, que sugeria um relacionamento. Ao clicar no perfil dela encontro a confirmação:
duas fotos dos dois abraçados, uma delas numa aproximação para um beijo. Excluí
todos os contatos que tinha dele, sem dar sinal de alerta.
É muito decepcionante quando uma
coisa dessas acontece com a gente. Se eu não tivesse uma crença muito forte de que existem homens com valores semelhantes
aos meus, com certeza cairia imediatamente na crença machista padrão da minha família e
da sociedade de que os homens não prestam, que querem apenas sexo e te
abandonar. Mas eu escolhi acreditar nos homens, não de forma ingênua. Se não tivermos uma crença positiva sobre a possibilidade de encontrar homens compatíveis, o que vamos atrair? Ou o que vamos aceitar em nossas vidas? Ou estaremos fadados a solidão?
Outra situação que vivi foi com
outro homem que conheci através do linkedIn,
aquele site profissional. Entrei em contato com o mesmo pois sua profissão era
TI e como estou aprendendo a otimizar o blog, fui pedir algumas informações.
Acabou rolando um clima e conversas fora do linkedIn. Mas o dito cujo não era
um homem com valores muito controversos, provavelmente estava apenas tendo uma fraqueza
humana, ele deu pistas de que tinha um relacionamento, pois estava se sentindo
culpado em encontrar comigo. Acabamos nos encontrando, mas depois, ele não me
adicionou no facebook, eu fiquei mais desconfiada, fui investigar no fb, e
mesmo com o perfil todo bloqueado, numa única foto aberta, havia a curtida de
uma mulher e ao clicar nela descubro a surpresa: sua esposa, com fotos abertas
do casal, o perfil dela não estava todo bloqueado. Pelo menos nesse caso, ele
teve a dignidade de sair por conta própria, de uma maneira bastante educada, pois
estava se sentindo incoerente com ele mesmo.
Uma experiência um pouco mais
distante no tempo foi com um homem que conheci na balada. Com algumas
informações que ele me cedeu além do nome, rua e bairro onde trabalhava,
profissão advogado, investiguei no google
e achei seu escritório, nome completo e joguei no linkedIn e no facebook e
advinhem: casado! O perfil dele no fb não era todo fechado e depois da minha
acusação, quando ele me procurou, foi lá e fechou o perfil, denunciando a si mesmo. Esse não quis
admitir de forma alguma seu relacionamento, mentiu mais ainda jogando a culpa
pra cima de mim: “não sou casado, o perfil está desatualizado, mas não posso
fazer você acreditar em mim”.
Outra amiga minha que também usou o
tinder, investigou o nome do sujeito no fb até encontrá-lo e descobrir coisas
esquisitíssimas do mesmo. Outras conhecidas já investigaram o curriculum na
plataforma Lattes, BOs de polícia militar, verificaram se formou na faculdade
que falou, se trabalha onde falou, e até as multas no detram! Haja
criatividade!
Se me perguntarem se eu gosto de
ficar desconfiada de todos os homens que conheço a resposta é não. E não é em
todos os relacionamentos que isso acontece. Um penúltimo rapaz que conheci também através do tinder
(foram apenas dois tá gente! rsss. Até agora rsss) eu tive uma relação muito
bacana, com carinho e confiança. Não me senti insegura nem desconfiada em
nenhum momento. Só não foi mais adiante por incompatibilidades de momento de
vida e objetivos. Conheço também vários casos de casais que se formaram via
redes sociais e estão juntos vivendo uma relação muito positiva.
Quando conheço alguém e me sinto
insegura, desconfiada, incomodada, é porque minha intuição está entrando em ação, sendo este o segundo ponto a se avaliar quando estamos conhecendo alguém: como
eu me sinto em relação a essa pessoa. Com o homem do primeiro relato, desde o
início eu estava insegura. Meus sentidos se incomodaram bastante com a
“presença” dele em meus pensamentos, durante todo o período em que
tivemos contato. Até insônia tive, coisa que raríssimas vezes aconteceu.
Cheguei a pensar nas duas opções: ou minha intuição estava gritando "fuja que é
problema", ou minha doença emocional estava aparecendo numa boa oportunidade
relacional, pois isto também acontece quando ficamos com medo de algo bom na
vida da gente, porque temos uma história ruim de relacionamentos familiares e
amorosos. De toda forma resolvi ficar em estado de alerta, observando os
acontecimentos e buscando ser coerente com meu desejo. E foi onde a verdade se
mostrou para mim.
Confiança total é cegueira. Para
entrar num relacionamento precisamos confiar sim, mas não de forma cega. Nem
desconfiar de forma paranoica. Dar um voto de confiança e ir conhecendo é a melhor estratégia, observando os sinais transmitidos pelo outro. De preferência avaliando se o
pretendente a parceiro possui valores semelhantes aos nossos. É necessário
entrar com a razão e a consciência na frente, e a paixão e as emoções bem atrás
(vide texto no blog sobre a paixão).
Posteriormente, assisti alguns
vídeos da Monja Coen, onde ela falava que o trabalho contra a violência começa
com a compreensão de nós mesmos, para assim compreender que todo agressor é vítima
de uma sociedade violenta. Compreendi que ao escrever este texto, ainda me
sentia com raiva e triste, muito tendenciosa a acusar esses tipos de homens de
canalhas, idiotas, mesquinhos, egoístas, etc. Mas eu não havia refletido sobre a
atitude desses homens que conheci como sendo um resultado da sua inserção numa
sociedade machista, e provavelmente de uma história familiar também machista e
violenta que colaborou para que eles reproduzissem a mesma postura masculina diante
dos relacionamentos. Isso não significa que nós precisemos ficar nessas histórias nem
aceitarmos toda a situação. No entanto, consegui acolher meus sentimentos e
ultrapassá-los com essa compreensão, tendo consciência que cada vez mais
preciso trabalhar contra meus próprios preconceitos violentos contra os homens
para poder contribuir com a construção de uma masculinidade mais saudável, nas
minhas relações profissionais, familiares e de amizade.
As redes sociais podem ser um
recurso muito bom para evitarmos entrar em relacionamentos problemáticos, mas tenho
visto na prática clínica também um uso paranoico e fantasioso das mesmas
(assunto para outro texto), comprometendo e prejudicando os casais. Onde estará o
ponto de equilíbrio?
Adriana
Freitas
Psicoterapeuta
Sistêmica em BH
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Referências das Figuras
1 – google imagens
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Amei esse post...tudo a ver com o meu momento...questionamentos...e investimentos. Seus textos contribuem muito com as minhas reflexões e de diversas pessoas que eu acabo compartilhando. Quero continuar a receber sempre...Obrigada, Handula
ResponderExcluirObrigada por deixar seu comentário Handula! Fico feliz que os textos estejam contribuindo com seu crescimento e fico grata por compartilhá-los! Um abraço,
ExcluirAdriana