COPA 2014
SOBRE FUTEBOL E RELACIONAMENTOS
Aproveitando o
contexto da Copa que está acontecendo neste junho de 2014 aqui no Brasil,
resolvi publicar este texto com algumas reflexões sobre futebol e
relacionamentos.
Quando mudei pra
Belo Horizonte, talvez por aqui ser uma cidade maior do que Divinópolis, cidade
onde eu morava no interior de Minas Gerais, notei um grande número de
torcedores apaixonados por futebol. Paixão esta que se transforma em fanatismo
com muita facilidade. Como eu não “sofro” desta paixão, sempre fico sabendo que
tem algum jogo acontecendo, só quando algum vizinho grita “galo” ou “zero”
ou quando além dos gritos, eles soltam foguetes. Agora na época da copa, eu só sei dos jogos do Brasil e dos jogos que acontecerão no Mineirão, apenas porque tenho que cortar minhas tardes de trabalho da minha agenda nestas datas.
A paixão do
brasileiro pelo futebol é uma das poucas paixões do ser humano que são mostradas
com tamanha expressividade. E a dedicação do torcedor em assistir jogos, em ler
ou assistir jornais a respeito, discutir com amigos e colegas sobre os times, e
o investimento de tempo que fazem nessa paixão, são de dar inveja a qualquer
relacionamento.

De fato, o futebol
é uma ótima metáfora para falarmos sobre relacionamentos saudáveis e doentes.
Começando pelos
doentes, primeiro falemos do fanatismo. Alguns torcedores fanáticos vivem em função
do seu objeto de "amor" e se tornam pessoas terríveis na defesa de seu time.
Criticam, debocham, ofendem e desqualificam o outro time e torcedores, sempre
exaltando o seu. Em alguns casos são até agressivos e violentos, gerando brigas
de massas no estádio ou fora dele. Alguns relacionamentos fanáticos também são
assim: só existe o parceiro e mais ninguém, e este parceiro é alvo de todas as
expectativas de felicidade. Se o parceiro frustra (o time perde) sempre será
desqualificado, culpado, ofendido ou agredido (no futebol sempre há as figuras
culpadas e criticadas, especialmente os juízes). Mas mesmo assim o fanático não
desiste do seu objeto e segue apaixonado por ele, iniciando um novo ciclo de
esperança – derrota – frustração, ou esperança – ganho do jogo – "felicidade".
Outro aspecto
doente é quando os amantes do futebol investem muito na sua paixão, mas não
investem nada ou quase nada na relação. Sempre conseguem ter o tempo de
assistir o jogo, mas nunca têm tempo para conversar sobre a relação e investir
nela. Por isso acontecem as intervenções ciumentas e inadequadas na hora
sagrada do jogo.
Fico imaginando
como as relações poderiam ser mais saudáveis se tivessem a dedicação que as
pessoas têm com o futebol:
1. Teriam "hora marcada" (jogo marcado, campeonatos existem sempre), com frequência garantida, para
conversar sobre diversos assuntos importantes para a vida a dois;
2. Expressariam seus
sentimentos, sua paixão e entusiasmo verbalmente, em alto e bom tom (como fazem
os torcedores que gritam quando tem gol);
3. Expressariam e
celebrariam sua alegria quando há uma conquista do indivíduo ou do
relacionamento (como expressam alegria quando se ganha um campeonato);
4. Conversariam com
outras pessoas, avaliando os pontos positivos e negativos da relação (como conversam
sobre o jogo e sobre os jogadores) em vistas de pensar numa melhor estratégia
para lidarem com os próximos desafios.
Infelizmente eu não
consigo entender por que as pessoas investem tanto numa paixão esportiva e não
fazem um décimo do esforço e dedicação por suas relações amorosas. Talvez seja
porque a relação com o futebol é uma via de mão única, pelo menos no sentido de
você não ter o futebol te cobrando ou criticando por suas faltas e ausências e
nos relacionamentos isso sempre acontece, pois com o outro você tem um
feedback, um retorno sobre sua postura na relação.
Mas se tentássemos aprender
com essa relação torcedor-time, a construir uma relação com mais paixão,
investimento e dedicação, com certeza os progressos seriam visíveis.
Participe do texto, deixando sua opinião nos comentários!
Adriana
Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
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