TRAIÇÃO
TIPOS DE INFIDELIDADE
A traição é um tema
que possui múltiplas facetas, abordarei neste primeiro post apenas os três
principais tipos de traição: acidental, romântica e crônica.
Inicialmente, é
importante que saibamos por que as pessoas se relacionam, se casam e mantêm
suas relações ao longo do tempo. Os motivos sempre são diversos, mas dizem de
objetivos e crenças mais profundos que cada indivíduo possui, e eles podem ser
conscientes ou inconscientes, construídos nas suas histórias de origem.
Em toda relação, os parceiros têm objetivos em comum que os mantém juntos, os quais
podem ser: valores, afeto, poder, trabalho, intelectual, religião, status,
dinheiro, segredos, doença, patrimônio, filhos, medo, segurança, sobrevivência,
dependência, raiva, vingança, beleza, negação da realidade, mentiras,
sentimento de rejeição, etc.
Então, mesmo que o
relacionamento já não seja satisfatório em diversos aspectos, mas atenda aos
objetivos em comum que o indivíduo preza conscientemente ou necessita
num nível de sobrevivência inconsciente, o ser humano é capaz de permanecer numa
parceria ruim, ad infinitum. No entanto, acabará criando estratégias de fuga
provisória, de suporte, de alívio, e a infidelidade é uma dessas estratégias.
Culturalmente e
historicamente a traição masculina acontece muito mais que a feminina, apesar
de na contemporaneidade esse quadro já não ser tão desigual quanto no passado.
Mulheres têm traído e com lógicas iguais as masculinas. Assim, falarei dos tipos
de infidelidade de forma generalizada. Para tal utilizarei os conceitos do
livro “Encontros, Desencontros e Reencontros”, de Maria Helena Matarazzo*.
Infidelidade Acidental
A maioria das
primeiras traições acontece sem premeditação. Uma situação, um contexto, uma
vulnerabilidade podem dar uma abertura para um momento propício.
Podem acontecer com
homens e mulheres, mas os mais propensos são os que bebem, os que viajam, os
que não estão bem casados e os que têm muitos amigos que saem para lugares “de
risco”.
Os principais motivadores
podem ser curiosidade, carência afetiva, jogo de sedução, onde os indivíduos se
deixam levar pelo momento. Também nesse tipo de infidelidade, as pessoas
encontram experiências que não têm no relacionamento principal, e acabam seduzidas
pela nova vivência prazerosa.
Após a traição pode
haver o arrependimento e a culpa ou o contrário, um gosto pela nova emoção. E são
esses sentimentos que farão com que haja ou não continuidade na traição. Os
culpados perceberão a traição como uma situação de alto risco, um perigo e não
como amor, e tentarão conter seus próximos impulsos. Os que gostaram, se
deixarão levar mais vezes pelo momento, se colocando mais vulneráveis.
Há ainda os que
descobriram que podem viver melhores emoções com outras pessoas, que seus
relacionamentos são ruins e decidem separar e encarar as novas oportunidades.
Para esses indivíduos a infidelidade serviu como uma possibilidade de
crescimento e mudança na medida em que conseguiram revisar e reavaliar suas vidas e
redefinir seus objetivos e desejos vitais e realinhar suas ações com mais
coerência.
Infidelidade Romântica
Infidelidade Romântica

O amante romântico
não ama o parceiro, ele ama o amor, ou seja, ele é viciado na emoção da paixão,
e acaba não vinculando, nem com o parceiro “principal” nem com o da
infidelidade. Fica na relação principal pelos objetivos em comum e fica
na relação extra apenas enquanto a chama da paixão estiver acesa.
Dentro do perfil
romântico existem dois grupos: os suaves ou parciais e os intensos. Os
primeiros estão em relacionamentos, têm a vaga sensação de que algo está
faltando e usam dos casos românticos como remédio caseiro contra depressão. Os
do segundo grupo mergulham de cabeça com toda intensidade em seus casos de amor
transformando o casamento em uma prisão da qual querem escapar a qualquer
custo.
Parceiros de
infidelidade romântica são infantilizados, uma vez que fogem de seus
sentimentos, não se preocupam em compreendê-los, reavaliar sua vida,
relacionamentos e mudar. Procuram na infidelidade uma função salvadora e com a
mesma intensidade que o romance começou também acaba, instantaneamente.
As mulheres são
muito comuns nesse grupo, uma vez que são seduzidas pela ilusão romântica da
paixão, especialmente quando se encontram em relacionamentos onde não há um
mínimo de intimidade, sexo, prazer e companheirismo, mas ainda estão presas em algum dos objetivos em comum.
Infidelidade Crônica
Este tipo de
infidelidade é aquele que acontece constantemente, onde os indivíduos pulam de
um caso para o outro em curto período de tempo. Geralmente os homens são mais
comuns nesse grupo, apesar do crescimento no número de mulheres, e se tornam
cronicamente e compulsivamente infiéis mais numa necessidade de confirmação da
própria masculinidade, canalizada na atividade sexual. São muitas vezes
escravos da cultura machista, na sociedade e na família. A obsessão pelo sexo
se torna a razão de viver, e não há limites para o que fazem em busca desse
prazer.
No geral não há
sentimento de culpa até mesmo porque o foco está voltado para a compulsão, e
toda compulsão esconde uma enorme carência afetiva, que nenhum relacionamento é
capaz de aplacar. Por isso a necessidade de diversos parceiros sexuais.
O aumento de mulheres
nesse grupo reflete a inversão de papéis na sociedade contemporânea, com
mulheres cada vez mais racionais e de lógica masculina. Mas existe um perfil de
mulheres que se iludem nessa vivência sexual, mas quando se apaixonam,
descobrem oculta sua busca de amor através do sexo.
Este tipo de
infidelidade é característico de homens muito sedutores, conquistadores, envolventes
e encantadores, que aproveitam qualquer chance de caça. O outro "parceiro" é usado apenas como
objeto, pois a necessidade sexual constante impede o compromisso e a
intimidade. Finge que busca uma mulher melhor mas no fundo nunca irá divorciar porque tem um conceito tradicional de família - mulher mãe e amélia em casa e puta fora de casa - onde dissocia a mulher em santa versus puta. Tampouco quer ter que encarar todas as dificuldades do processo de separação. Considera-se homem de
sorte, pois teve todas as mulheres que quis, nunca se envolveu com nenhuma,
nunca precisou revê-las e é admirado por todos os homens. E só há um erro
imperdoável, um pecado mortal; ser apanhado em flagrante.
Homens e mulheres
caçadores estão em busca de reconhecimento. É comum terem um pai com mesmo
perfil, idealizado, serem identificados com ele e repetirem seus padrões nessa
busca de serem vistos.
Qual seu tipo de perfil
traidor? E o tipo de perfil das traições que já sofreu?
De fato, a infidelidade de qualquer tipo pode ser altamente destruidora como também pode servir como possibilidade de mudança e crescimento, dos indivíduos e/ou das relações. Vai depender de como o indivíduo encara a infidelidade: se com vitimização ou se com responsabilização. Apenas na segunda postura há uma reavaliação de si mesmo na relação e na vida, onde o indivíduo assume os seus 50% de contribuição para a relação e toma atitudes ou de sair da relação ruim ou de ajudar a melhorá-la.
Veja a parte 2 do tema Traição!
De fato, a infidelidade de qualquer tipo pode ser altamente destruidora como também pode servir como possibilidade de mudança e crescimento, dos indivíduos e/ou das relações. Vai depender de como o indivíduo encara a infidelidade: se com vitimização ou se com responsabilização. Apenas na segunda postura há uma reavaliação de si mesmo na relação e na vida, onde o indivíduo assume os seus 50% de contribuição para a relação e toma atitudes ou de sair da relação ruim ou de ajudar a melhorá-la.
Veja a parte 2 do tema Traição!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica em BH
1 – http://artodyssey1.blogspot.pt/2013/06/octavio-sousa-e-silva.html
2, 3 e 4 - retiradas do google
5 – http://artodyssey1.blogspot.pt/2014/02/rigo-peralta.html
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Adriana, sabe como adoro ler os seus textos. Este, em particular, confesso que achei mais didático e teórico do que real. Me parece que as classificações de infidelidade restringem muito a vivência pessoal. Acredito também que existem aquelas pessoas onde a vida acaba propiciando um "encontro" verdadeiro, onde haja um amor benéfico, quando nem se quer esperavam por isso. Também penso que essas pessoas quando rotuladas de traidoras são fadadas a um julgamento de valor num nível moralista e pejorativo, o que banaliza a experiência do encontro. Lembra do filme "A Letra Escarlate" com Demi Moore? Ele trata um pouco disso que estou falando. Existem filmes para incontáveis tipos de infidelidade, desde o Filme "Infidelidade" com Richard Gere, que é trágico e moralista até o Filme "Minha vida sem mim", onde a protagonista só encontra o amor quando está prestes a morrer. E percebe que esse seria o grande sentido pra continuar. Não ouso, de forma alguma, criticar o presente texto, é só uma reflexãozinha que fiz aqui comigo, uma vez que em nossos consultórios também estamos às voltas com as diferentes faces da experiência amorosa. um beijo grande.
ResponderExcluirOlá Renata, apesar desse texto ser mais didático e teórico sim, não acho que deixe de ser real. Com certeza a experiência pessoal dos indivíduos e casais que traem e são traídos são muito mais complexas do que se possa abordar num pequeno texto como este. Como comentado do início do texto, o tema é complexo e possui múltiplas facetas. Não me detive em definições específicas de conceitos, por isso utilizei termos de vocabulário popular, sem intenção de julgamento.
ExcluirO que acho importante pensar é que a experiência da infidelidade pode ser uma oportunidade mudança, crescimento e encontro amoroso, mas em certos tipos de infidelidade, existem questões mais profundas, individuais, familiares e culturais que, infelizmente, favorecem mais a estagnação e a manutenção da doença dos casais e dos indivíduos. Obrigada por sua contribuição. Abraços, Adriana