CONCEITO DE AMOR
APRENDIZADOS FAMILIARES SOBRE AMAR E SER AMADO
A frase da imagem acima é do do artista Pedro Gabriel Anhorn, retirada do seu site "Eu me chamo Antônio", que possui livro de mesmo nome. "Todo amor é bonito, feio é não amar". Escolhi esta frase para iniciar este post, colocando-a em questão: será que todo amor é bonito mesmo? Não existiria amores feios também? E a possibilidade de não amar existe? Ou cada pessoa "amaria" de um jeito seu, mesmo que não parecesse amor?
O que gostaria de ressaltar é que existe um conceito de amor por trás dessa frase, mas que não necessariamente será coletivo. Cada indivíduo possui seu próprio conceito e ama de acordo com o mesmo, existindo amores "bonitos e feios", saudáveis e doentes.
Por que é importante saber qual nosso conceito de amor?
Porque temos uma tendência a repetir nos relacionamentos amorosos o mesmo conceito
aprendido na nossa história de origem. E muitas vezes estamos presos em relações
ruins, inconscientemente aceitando o padrão antigo, sem saber por que ficamos
nem como sair. Somente a conscientização, o conhecimento de como e o que
aprendemos sobre o amar e ser amado, pode nos dar a chance de fazer novas
escolhas.

Tudo o que aprendemos sobre o amor tem a ver com o que
enxergamos, vivenciamos e sentimos nas relações familiares através de nossos
pais com sua origem e como casal, de nossa relação com cada um dos pais, e nossas relações
fraternas. Como adultos imaturos, os pais têm atitudes que deixam mágoas,
ressentimentos, traumas, decepções e necessidades não satisfeitas na vida dos
filhos, que são difíceis de serem questionadas, especialmente em famílias onde
a parentalidade é considerada sagrada por si só. Também é difícil questionar a
paternagem ou maternagem dos pais quando eles sempre estiveram presentes
fisicamente, mas não emocionalmente. Dessa maneira, os indivíduos acabam não
elaborando as feridas infantis e carregando-as pesadamente na vida adulta.
Enfrentar, encarar e admitir todos os sentimentos
escondidos do passado é parte importantíssima da possibilidade de mudança. Tire
um pequeno tempinho e avalie, colocando num papel, quais foram as principais emoções
que você viveu em suas relações de origem. E quais dessas emoções você está
vivendo novamente no seu relacionamento amoroso atual ou em relacionamentos que
teve no passado.
Podemos estar repetindo emoções de raiva, abandono, infantilização,
ciúmes, traição, possessividade, violência, agressividade, competição,
distanciamento, abuso, etc. Uma vez ouvi um caso que uma
senhora foi denunciar o marido na delegacia de mulheres porque “ele estava
batendo em outra safada”, ou seja, o conceito de amor dela incluía a violência,
mas não a traição. E infelizmente isso acontece na vida de muitas pessoas, que
possuem uma ideia de amor ligada a sentimentos dolorosos muito mais do que a
sentimentos afetivos e respeitosos.

Como você pode imaginar essa estratégia não dá certo e é
de fato altamente destrutiva. A derrota é uma ilusão e a possibilidade de ser
vitorioso agora também. Primeiro porque
o amor perdido da origem se tornou uma fantasia mirabolante e nunca será
resgatado de acordo com a falta infantil que existe no adulto.
Segundo porque ainda é uma busca de suprir carências infantis, e não uma construção
amorosa adulta, é a busca do pai e mãe externos e não uma transformação interna
para ser pai e mãe de si mesmos, ficando ainda numa perspectiva infantil.
Terceiro porque você entra numa relação querendo mudar o outro para atender
suas expectativas e necessidades infantis e com certeza ele resistirá ao seu
controle manipulativo, ou por teimosia ou por autopreservação, além do que o
desejo de mudança tem que ser interno e não através da cobrança do parceiro. Entrar
numa relação já desejando a mudança do outro é não relacionar-se com o outro e
sim com suas próprias expectativas, negar a realidade tentando viver sua própria
fantasia. Consequentemente, obstruímos nossa felicidade futura nesse ciclo
vicioso inútil de reprodução e tentativa de controle do passado.

O amor maduro acontecerá quando o indivíduo saiu da
expectativa infantil de ser amado pelo outro e passou a buscar formas de amar a
si mesmo, de cuidar de si. O amor por si está ligado a busca de coerência
interna, aquela sintonia entre razão, pensamento e sentimento. Somente assim terá
condições de entrar numa relação para oferecer amor ao invés de esperá-lo. E como
diz a singela frase na oração de São Francisco: “É dando que se recebe”.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica em BH
* Conferir referência utilizada.
Figuras
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