SOBRE CARÊNCIA AFETIVA E RELAÇÕES DEPENDENTES
Quando você não
aprendeu a cuidar de si mesmo*, suas carências afetivas serão feridas abertas gritando por socorro. Assim, é grande a possibilidade de você passar boa parte da vida buscando pessoas e relações
onde se sinta cuidado. Se já estiver numa relação, você se ressentirá com seu parceiro quando ele não realizar seus
desejos e necessidades, e fará cobranças exigindo o que acha ser demonstração
de amor. As reações mais comuns nos parceiros cobrados são o distanciamento ou
a disputa de poder. Ambas podendo se transformar em ciclos viciosos
destruidores: o vício de amar. Assim começam a se estruturar as relações dependentes.
Avalie:
1. Você fica esperando
a boa vontade de seu(sua) parceiro(a) para juntos realizarem o que você deseja?
2. Você não consegue
ou não tem permissão para fazer atividades de lazer sem o(a) parceiro(a)? Não
tem permissão pra ter um espaço ou vivências que sejam só suas, individuais?
3. Você fica
ressentido ou com raiva quando o(a) parceiro(a) não quer fazer o que você
deseja, mas também não procura nenhum outro jeito de realizar suas vontades?
4. Você tem a crença
de que o casamento, a relação tem que preencher todas suas necessidades e que
tudo tem que ser feito com o(a) parceiro(a), que só se for com ele(a) será bom?
5. Você ou vocês não
possuem amigos, não saem individualmente com eles ou só saem com outros amigos
casais?
Se a resposta for
sim pra maioria das perguntas, vocês têm uma relação dependente.
Quais são os piores
problemas de uma relação dependente?
1. As expectativas em cima do(a) parceiro(a)
são altíssimas uma vez que só ele(a) é responsável por realizar seus desejos;
2. As frustrações também são altíssimas quando
o outro diz não;
3. Quando os desejos
não são realizados os débitos aumentam e junto com eles a raiva, podendo gerar jogos emocionais de punição e vingança,
aumentando a hostilidade do casal;
4. Os indivíduos são inseguros,
não confiam no parceiro (porque na
verdade não confiam em si mesmos e têm muito medo de serem abandonados) e
tentam controlá-lo(a) controlando com quem eles se relacionam;
5. Os parceiros têm
muita dificuldade de enxergar a realidade, o(a) parceiro(a) real, humano, com
qualidades e defeitos, ficando sempre na fantasia
e na espera do príncipe ou princesa encantados.
Relações assim geram aprisionamento e dependência dos dois lados, mesmo quando parece que o lado que foge e é mais distante esteja mais bem resolvido. E as insatisfações só aumentam. A possibilidade de sair desse ciclo vicioso dependerá de algumas escolhas dos indivíduos e dos casais.
Comece questionando
como você aprendeu a se relacionar, observando os modelos de relacionamento dos
seus pais ou responsáveis e de sua família. É na família que aprendemos nosso
primeiro conceito de amor e de ser casal. Temos uma tendência de repetir nos
relacionamentos amorosos três dinâmicas conhecidas: a nossa relação com o pai,
a nossa relação com a mãe ou a dinâmica da relação dos nossos pais. Uma
dinâmica um pouco menos frequente, mas que também se repete é a da nossa
relação com um de nossos irmãos.
Depois observe qual
o conceito de homem e mulher rege a cultura de onde vocês vivem, e como esses
conceitos estão arraigados no seu relacionamento. O machismo ainda é muito
forte em nossa cultura apesar da força crescente do feminismo. Isso faz com que
as pessoas assumam comportamentos que são esperados para seu gênero, sendo isso
refletido em relacionamentos dependentes.
A religião também
favorece na construção de casais dependentes uma vez que no próprio discurso do
casamento há a premissa de que “dois se transformam em um”. Percebemos também
uma exaltação da família colocada num lugar de sagrado e raramente se fala na
preservação dos vínculos de amizade.

Ter contato e
manter amizade com outras pessoas é extremamente saudável. Os parceiros não são
capazes de suprir todas as
necessidades um do outro em todos os
momentos da vida a dois. Tem necessidades que um amigo pode atender muito
melhor do que os parceiros. E quando já existem os filhos, a família de origem
pode ser uma fonte de apoio e assistência.
O importante é que
cada um se responsabilize pelas próprias necessidades. Esta é a melhor forma de
cuidar das próprias carências. Sem a carência dependente no meio da relação,
quando o parceiro puder compartilhar seus desejos, será um encontro bem
agradável. Se você gosta de cinema e seu parceiro não, convide um amigo ou vá
sozinho. Se seu parceiro gosta de futebol e você não, vá ler um livro ou fazer
compras enquanto o jogo acontece. Se você gosta de viajar e seu parceiro não
está sempre disponível, vá sozinho ou convide alguém. Mas não deixe sua lista
de coisas desejadas e não vividas se acumular a ponto de criar uma montanha de
lixo tóxico no meio do casal.
* Confira o texto do blog que aborda o
como cuidar de si mesmo:
Adriana
Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica em BH
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Bacana Adriana! Obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirEu que te agradeço Márcia, por acompanhar o comentar aqui no blog! Abraços, Adriana
ExcluirIMPORTANTE PENSAR QUE ANTES DE SE RELACIONAR COM O OUTRO, VOCÊ DEVE PREZAR E ESTIMAR A SUA RELAÇÃO CONSIGO MESMO. PARABÉNS PELO TEXTO!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário Matheus. A relação consigo mesmo é de fundamental importância e deve, ou deveria, estar na base de toda construção amorosa. O problema é quando passamos a buscar no outro esse cuidado, que é nossa responsabilidade. Aprender a cuidar de si mesmo é uma grande tarefa vital. Um abraço, Adriana
ExcluirOi Adriana,
ResponderExcluirEstou adorando os textos.
Obrigada por compartilhar.
Um abraço, Janne Kerle
Oi Janne, fico feliz com seu retorno! Obrigada por acompanhar o blog! Abraços, Adriana
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