A ANDORINHA E A ROSA
INTRODUÇÃO
Há
muito tempo atrás eu escrevi este pequeno e singelo conto, quando uma certa
andorinha passou pela minha vida. No ano passado eu tive uma grande surpresa e
sorte de encontrar outra andorinha, tão especial quanto a primeira, então quis
compartilhar meu conto (levemente transformado) aqui no blog. Encontros entre Rosas e Andorinhas
são especiais, belos e intensos de se viver, mas são completamente fugazes e
duram o tempo de uma estrela cadente. É preciso vivê-los com toda presença
possível, captar toda beleza do momento, e é preciso deixa-los partir, e
superá-los pois a separação já estava inscrita no cerne deste encontro, o que
não deixa de ser um pouco triste. E fica uma imensa saudade... saudade do não vivido, de tudo
que podia ser vivido e não o será...
O CONTO

Foi
assim que para a Andorinha Deus ofereceu asas para que ela pudesse voar por
entre as árvores a procura de alimento e abrigo, ajudando-O na tarefa de
polinização das diversas flores por onde se alimentasse. Ofereceu também a
sabedoria de voar para lugares distantes quando fosse necessário, se faltasse
alimento ou se o tempo estivesse muito frio.
Já
para a Rosa, Deus deu a graça de ser bela e charmosa, dotada de um perfume
enfeitiçador e de uma delicadeza sem fim. Sua tarefa seria dedicar-se a levar a
beleza e perfume ao mundo. No entanto, ao contrário da Andorinha, o alimento da
Rosa estaria na terra e para que ela sobrevivesse, ficariam ligadas, Rosa e
Terra, por uma raiz forte, todo o tempo. Pensando em sua proteção, forneceu-lhe
espinhos para que nenhum predador mal intencionado viesse lhe aborrecer.
Esta
historinha é para contar sobre o encontro da Andorinha e da Rosa...
Certa
vez, a Andorinha voava tranquila pelo bosque quando começou a sentir fome.
Procurava em todas as árvores e não achava um fruto sequer para se alimentar.
Foi então que sentiu que sua natureza lhe chamava para o norte e, junto com
suas muitas amigas, apenas seguiu seu instinto, empenhando-se numa longa viagem
até onde seu destino lhe chamava. Essa viagem durou dias e a andorinha parava
apenas para beber um pouco de água e comer alguma coisa.
Quando
já estava cansada de voar, chegou a um lindo lugar, cheio de árvores, flores,
montanhas, cachoeiras e sentiu que poderia ficar ali até o momento certo de
voltar para sua casa. Procurou um abrigo numa árvore frondosa que já possuía
alguns habitantes e tinha vista para um jardim grande e florido. Diante de
tanta beleza, colocou-se à contemplar tudo o que podia ver.
De
repente, a Andorinha foi envolvida por um perfume inigualável, que chegava
quase a enlouquecer todos os seus sentidos. Foi levada, magicamente, àquele
jardim, voando entre as flores até parar numa em especial: a Rosa Vermelha.
Reconheceu imediatamente seu perfume e perguntou-lhe:
-
Como pode haver no mundo um perfume tão doce como o seu?
Envergonhada,
a rosa ficou ainda mais vermelha e deu um sorriso:
-
Você gostou?
A
Andorinha imediatamente chegou mais perto e deu um suspiro profundo, como se
quisesse absorver todo aquele delicioso cheiro:
-
É claro que sim!
A Rosa, então, exalava ainda mais aquele perfume maravilhoso:
-
Que cores bonitas e que asas fortes você tem Andorinha!
Quando
a Rosa falou isso a Andorinha inchou o peito e orgulhosa de si disse:
-
É que eu sempre estou viajando e preciso manter a forma.
Nesse
clima de troca de elogios prá lá e prá cá, a Rosa e a Andorinha sentiram uma
conexão diferente, um cheiro suave de romance.
E
foi assim que todos os dias, a Andorinha passou a visitar a Rosa, uma, duas ou
várias vezes por dia. Elas conversavam sobre diversos assuntos: a Andorinha
contando de suas viagens e de tudo que tinha visto e vivido pelo mundo afora,
seus perigos e belezas. E a Rosa contando sobre como observava e conhecia todas
as plantinhas ao seu redor, e como se tornou amiga e conselheira de muitos
amiguinhos bichos e insetos que vinham até ela. A Rosa era uma boa ouvinte, e por
estar conectada, pés fincados na terra, desenvolveu outras habilidades dos
sentidos, diferentemente da Andorinha com suas asas.
E
o tempo passava muito rápido e ficavam muito felizes na presença um do outro. E
o tempo passou...
Certo
dia, chega a Andorinha perto da Rosa, toda sem graça, e como a Rosa já conhecia
o temperamento dela, percebeu que tinha algo errado:
-
O que aconteceu Andorinha? – perguntou a Rosa receosa.
-
É que está na hora... - respondeu a Andorinha.
-
Hora de quê? - perguntou a Rosa assustada.
-
É tempo de eu voltar para minha terra natal...
A Rosa caiu em prantos e não parava de soluçar. Ela já sabia das viagens e da
natureza da Andorinha e que isso acabaria por acontecer, mas ela quis acreditar
numa ilusão de que a natureza dos bichos e das plantas podia mudar.
A
Andorinha pediu, quase numa súplica para a Rosa:
-
Não faça as coisas se tornarem mais difíceis do que já são!
Mas
a Rosa não respondeu, e imediatamente caíram algumas pétalas. E por mais que a Andorinha
tentasse explicar e insistisse em fazê-la entender que a sua natureza era
diferente da dela, não houve mais nenhuma palavra. Foi como se a Rosa tivesse
ficado magoada. Mas ela só estava triste, muito triste, sem palavras.
A
Andorinha então, deu um beijo na Rosa e foi embora triste, um pouco culpada de
deixar a Rosa daquele jeito, mas com a certeza de que era o que tinha que
fazer.
A Rosa sentia uma dor e uma raiva profundas e achava que Deus era injusto e
queria ter asas como sua amada Andorinha. Por um tempo ela se revoltou contra
sua natureza até que seu coração parou de doer e de se enraivecer, e ela voltou
a olhar ao seu redor e começou relembrar de como era feliz também antes da Andorinha
chegar. Ficou em seu coração a lembrança e a saudade daquele tempo passado com
a Andorinha, que se tornaram um alimento para sua alma.
A
Andorinha, como era mais racional, lidou melhor com a separação do que a Rosa.
Sabia que sua amada estaria sempre ali e quando fosse o tempo certo, poderia
voltar para reencontrá-la. Já sentia uma imensa saudade... mas acreditava imensamente
em sua natureza.
Nesse
encontro, Andorinha e Rosa aprenderam muito sobre suas próprias naturezas e
sobre o amor, o que ficará para sempre guardado em seus corações.
Adriana
Freitas
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