LISTA DO PARCEIRO E DA RELAÇÃO IDEAL
É
uma coisa curiosa o que acontece na vida:
Se
você se recusa a aceitar outra coisa que não o melhor,
Quase
sempre consegue.
Somerset
Maugham*
Nossas escolhas amorosas sempre têm como pano de fundo atrações
inconscientes. Pergunte-se: você já conseguiu explicar como aconteceu aquela
atração que virou uma paixão avassaladora? Não, pois tal tipo de atração
refere-se a conexões mais profundas que tem a ver com nossos padrões de vínculo
familiares. Somos atraídos pelo que é semelhante a nossa história. Aquela estória
de que os opostos se atraem pode acontecer apenas em questões superficiais, mas
no fundo existem semelhanças muito importantes entre os parceiros, as quais
raramente temos alguma consciência.
Infelizmente, quando a paixão acaba os
problemas começam a aparecer. Enxergamos o sapo(a) por trás do príncipe
(princesa), ou seja, começamos a ver o parceiro real, humano, com defeitos além
das qualidades. Possivelmente descobrimos que estamos repetindo exatamente
aquilo que não queríamos de jeito nenhum das nossas histórias de vida.
Assim termina uma história de paixão.
Saímos arrasados, isso quando saímos. Ou ficamos, insistentes, tentando mudar o
outro, fazê-lo voltar ao seu título de realeza principal. Mas se saímos,
provavelmente vamos repetir o mesmo erro da próxima vez, especialmente se não
tentarmos colocar mais
consciência nas nossas escolhas.
Esta é a intenção quando eu proponho para
meus clientes fazerem a lista
do parceiro e da relação ideal, mas é comum que
haja forte resistência. Alguns acham autoajuda demais, outros têm medo de ao
fazer a lista se fecharem demais e não acharem ninguém tão perfeito. No
entanto, a grande maioria das pessoas tem uma significativa dificuldade de
definir o próprio desejo.
Não defini-lo é uma ótima estratégia para
não se responsabilizar pelo processo
de escolha amorosa. Assim, se não sabemos o que queremos podemos aceitar o
que vier ou manter a defesa em alta pra ninguém chegar perto. Não escolhemos,
somos escolhidos, pelo inconsciente.
O primeiro e talvez maior ponto de
importância de se fazer essas duas listas é a definição, pra si mesmo, do seu
desejo relacional mais profundo para sua vida. As pessoas costumam saber o que
não querem, o que já é parte do trabalho. Mas saber o que não quer é apenas um
jeito de rejeitar o que não deseja; você ainda está na negativa e pode ficar
preso na atração do que está negando. E você ainda está perdido.
E isto é diferente de saber o que se quer.
Nessa última perspectiva você se coloca como pró-ativo na sua busca afetiva e
não apenas reativo ao que aparece pra você. Na pró-atividade, você tem mais
chance de escolha do que na reatividade, pois sabe o que busca e assim melhora
seu potencial de atração.
Para ajudá-lo a definir seu desejo, comece
a pensar e listar os seguintes aspectos, primeiramente
no que se refere a escolha do parceiro
ideal:
1.
Aspectos
Físicos – características físicas e estado de saúde;
2.
Aspectos
Psicológicos – características de personalidade e qualidades emocionais;
3.
Aspectos
Valorativos e Crenças – valores que são essenciais que seu parceiro tenha;
4.
Aspectos
Educativos/Intelectuais – grau de instrução e características intelectuais;
5.
Aspectos
de Trabalho e Financeiros – como você espera que o parceiro lide com o trabalho
e com o dinheiro;
6.
Aspectos
de Prazer e Lazer – qual tipo de relação com esses itens você gostaria que o
parceiro ideal tivesse, além de hobbies, interesses e paixões;
7.
Hábitos
e forma de proceder no dia a dia;
8.
Crenças
e práticas espirituais do parceiro ideal.
Já para a escolha da relação ideal, você precisará
definir:
1.
O
que você considera um ótimo relacionamento?
2.
Qual
tipo de disponibilidade de tempo e espaço você deseja dar e receber numa
relação?
3.
Como
que você gostaria de tratar o parceiro e ser tratado por ele?
4.
Como
cada um faria o outro se sentir?
5.
Como
você gostaria de viver o lazer junto com o parceiro?
6.
Qual
o tipo de relação de gênero (simplificando, definições de papéis masculinos e
femininos) você gostaria de ter na relação?
7.
O
que você deseja para o futuro em termos de moradia, casamento e filhos?
O segundo ponto de importância é definir o
que é flexível na sua lista e o que é indispensável. Por
exemplo, a aparência física do parceiro pode ser um item mais flexível, e já os
valores não deveriam ser negociáveis. Outro exemplo é se você deseja muito ter
filhos, e o pretendente não, ele não será seu parceiro ideal. Entenda que o
outro tem direito de fazer suas próprias escolhas e você deve evitar entrar
numa relação já desejando ou esperando que o outro mude. Ao categorizar dessa
forma sua lista, você não fica preso na busca da pessoa perfeita, impossível de
ser encontrada.
E por último e não menos importante, vem a
árdua tarefa de colocar limite em si mesmo. E para isso é preciso
aprender a lidar com as próprias carências e a cuidar delas e das suas
necessidades essenciais (explorarei mais este assunto num texto posterior),
porque senão, acabamos aceitando o que não queremos para não ficarmos sozinhos,
sempre na expectativa de que o outro se responsabilize pela nossa felicidade.
Geralmente penso neste trabalho para
pessoas solteiras, mas se você já está numa relação, também pode fazer sua
lista para verificar o grau de compatibilidade entre você e seu parceiro, para
te ajudar a enxergar se o parceiro real é a pessoa que você deseja, e avaliar
se as diferenças entre vocês são em campos flexíveis ou em campos
indispensáveis. Se for neste último, provavelmente você está sofrendo e esta
não é sua relação ideal. Já a lista da relação ideal pode ajudar o casal a definir
os pontos que precisam trabalhar em função de alcançarem uma relação mais
satisfatória.
Ressalto a frase de Somerset
Maugham no início do texto, mostrando que quando estabelecemos nossos limites e
não aceitamos o que não queremos, então a vida passará a nos oferecer o que
realmente desejamos.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Instagran: @solteirosecasais
*
referência encontrada no livro “O Ritmo da Vida” de Matthew Kelly.
Várias ideias deste texto são do mesmo autor, também em seu outro livro “Os
Sete Níveis da Intimidade”.
KELLY,
Matthew. O ritmo da vida: vivendo cada dia com energia, propósito e
paixão. Trad. de Pedro Jorgensen Júnior. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
KELLY,
Matthew. Os sete níveis da intimidade: a arte de amar e a alegria
de ser amado. Trad. de Fernanda Abreu. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.
Referência da Figura:
1. foto extraída do
site: http://www.rgbstock.com/photo/o19811M/pen
#adrianafreitas
#adrianafreitaspsicoterapeuta #solteirosecasais #amor #afetividade #carinho
#relacionamentos #relação #comportamento #terapiadecasal #sexualidade #casal
#casamento #solteiros #saúde #comunicação #paixão #carência #parceiro #cuidar
#saudades #psicologia #psicóloga #terapiafamiliar #sistêmica #visãosistêmica
#terapia #belohorizonte #psicologabh #listadoparceiroedarelaçãoideal
Oi Adriana!
ResponderExcluirSou Sueli faço parte do grupo Percurso, assisti sua palestra sobre a criança ferida e amei por isso vim até aqui conhecer seu blog e, fiquei maravilhada, que riqueza, parabens vc é uma excelente profissional, desejo-lhe muito sucesso, luz e paz.
Sueli Santos
Oi Sueli, que palavras lindas você me presenteou hoje! Fico muito grata pelo carinho e feliz que tenha gostado da palestra e do blog! Também de desejo o mesmo, muito sucesso, paz e luz.
ExcluirUm abraço afetuoso,
Adriana